Corpo de Elite é uma comédia com inclinações de spoof que remete para o imaginário do James Bond e Missão: Impossível, na linha do que Rowan Atkinson fez com Johnny English (2003) e O Regresso de Johnny English (2011), se bem que com os elementos nonsense mais contidos. E este é um dos primeiros sinais de alerta pois em 2016 esta é uma premissa muito batida e com um enorme défice de originalidade. Infelizmente a execução confirma todas as piores previsões. Apesar de algumas gargalhadas genuínas no primeiro terço do filme, a banalidade e previsibilidade do humor desperdiça o potencial de confronto regional que a combinação dos vários protagonistas promete. Acabamos com um híbrido de narrativa genérica, de cariz universalmente reconhecível, com personagens muito específicas caracterizadas pelas particularidades regionais espanholas, dirigidas ao público-alvo do próprio país de produção e algo herméticas para os restantes espectadores que, no entanto, são tratadas de forma estereotipada, aprisionadas em piadas xenófobas, sexistas ou, pior que tudo, sem graça.
A diversidade de produção é saudável para qualquer indústria cinematográfica, e os valores de produção são assinaláveis e à altura de muitas das produções anglo-saxónicas onde foi buscar o template, com as limitações de orçamento a afectarem apenas de forma óbvia as poucas instâncias onde são utilizados efeitos visuais digitais. É pena que tais recursos sejam, então, desperdiçados em tentativas genéricas de humor, diluindo as especificidades geográficas que lhe poderiam dar um traço distintivo.