Da mesma forma que O Regresso de Jedi é, embora muito bom, o filme menos conseguido da trilogia original, este Star Wars: Episódio III – A Vingança dos Sith, é o melhor da segunda trilogia. E é o melhor por várias e objectivas razões.
Desde logo, porque se trata de um casamento quase perfeito entre a história ou as histórias das prequelas, com o que acontece a partir do primeiro filme feito em 1977 (Star Wars: Episódio IV – Uma Nova Esperança). Isso deve-se, por um lado, à contenção da ânsia de George Lucas na utilização desenfreada de efeitos visuais que tinha caracterizado os dois episódios anteriores, de modo a que a passagem de testemunho entre um filme feito em 2005 e outro realizado quase trinta anos antes não fosse tão abrupta. Recordo, por exemplo, que as naves deixam de estar limpinhas e apresentam já resíduos de ferrugem, um dos muitos exemplos que poderia utilizar aqui. Por outro lado, a vertente humana volta a estar muito vincada, além de, claro, acontecerem coisas extremamente importantes, como a transformação do Cavaleiro Jedi Anakin Skywalker (Hayden Christensen) no malévolo Lorde Sith Darth Vader, caindo finalmente para o lado negro da Força, ou o anúncio de que a sua mulher Padmé Amidala (Natalie Portman) está grávida do que virão a ser os gémeos Luke e Leia, dois dos protagonistas dos três filmes originais. Curiosamente, estes dois acontecimentos estão relacionados, já que Obi-Wan tinha sonhos recorrentes em que a sua mulher grávida morria (tal como acontecera antes da morte da sua mãe) e estava convencido de que apenas o Chanceler Palpatine (Ian McDiarmid) tinha capacidade para a salvar, uma vez que ele dizia possuir um poder para evitar a morte. Ao abrir o coração a Palpatine, acabou igualmente por se deixar levar pelo lado negro da Força. Star Wars: Episódio III – A Vingança dos Sith é um filme verdadeiramente dentro do espírito Star Wars, com a capacidade de nos fazer sentir “a Força” como nenhum outro dos mais recentes (aguardamos ansiosamente a estreia do Episódio 7) porque está mais próximo de nós do que qualquer um dos outros dois, que são mais frios na sua relação com espectador. Essa capacidade de nos fazer sentir está patente, por exemplo, no momento em que Yoda (Frank Oz) e Obi-Wan Kenobi (Ewan McGregor) vêm horrorizados os corpos dos jovens Jedi mortos no Templo às mãos de Darth Vader ou quando Padmé morre, logo após dar à luz os gémeos Luke e Leia. E é óbvio que esta trilogia de prequelas não poderia ficar completa sem uma correspondentemente épica luta de sabres de luz. Essa será entre Darth Vader e Obi-Wan Kenobi, um duelo monumental que decorre ao mesmo tempo de um outro, entre os membros mais proeminentes dos dois lados da “Força”: Yoda e o agora já Imperador Palpatine que transformara e reorganizara a República num Império Galáctico do qual passou a ser o chefe máximo. Mas neste caso o lado negro vence, quando o Imperador leva “a Força” para um ponto em que Yoda se vê obrigado a recuar e este decide que o seu fracasso o obriga a ir para o exílio. No outro duelo, no entanto, os outrora amigos e agora inimigos figadais Obi-Wan e Darth Vader continuam o seu combate sem tréguas até que Obi-Wan ganha vantagem e corta as duas pernas e um braço de Vader, deixando-o às portas da morte e partindo levando consigo uma Padmé ainda viva e grávida, mas ferida. O Imperador regressa logo depois e salva Vader da morte, reconstruindo o seu corpo com próteses cibernéticas e implantes. É colocado dentro de um fato com armadura preta, selado por uma máscara negra que o ajuda a respirar. Desta forma nasce, de corpo, alma e armadura, um dos mais assustadores vilões da história do Cinema. Mesmo que não tivesse mais méritos, Star Wars: Episódio III – A Vingança dos Sith teria sem dúvida este.