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Star Wars: Episode VI – Return of the Jedi (1983)

de Richard Marquand

Há 33 anos atrás, estreava aquela que durante muito tempo se pensava ser a última parte de uma trilogia. Como em quase todas as trilogias, a terceira parte costuma ser a menos conseguida e há quem considere, como eu, que esta não é uma obra-prima como as duas partes anteriores. Não faltará muito, mas, de facto, não é!

 

A verdade, no entanto, é que uma tal discussão nos dias de hoje praticamente não tem sentido, uma vez que os filmes feitos posteriormente (sobretudo A Ameaça Fantasma e O Ataque Dos Clones) baixam significativamente a bitola no que concerne à qualidade da série. De qualquer modo, O Regresso De Jedi é um excelente filme, que nos conduz uma vez mais pelos meandros da mitologia inventada por George Lucas e companhia. Li algures que “depois de Star Wars: Uma Nova Esperança ter redefinido a ficção científica e O Império Contra Ataca ter redefinido Star Wars, era difícil acreditar que O Regresso De Jedi conseguisse ser praticamente tão bom como os outros dois, mas este faz realmente um bom trabalho”. Não podia estar mais de acordo. Desta vez as Forças Imperiais estão a criar uma nova Estrela da Morte (a primeira foi destruída pelos rebeldes no filme Guerra Das Estrelas – Uma Nova Esperança, de 1977) e os nossos heróis Luke Skywalker, Han Solo (recentemente libertado do Palácio de Jabba, The Hutt e da sua condição de homem-estátua-de-carbono), o seu leal amigo Chewbacca, a Princesa Leia e os dois maravilhosos robots C-3PO e R2-D2 irão tentar destruí-la. Pelo caminho, Luke, que entretanto havia descoberto que Darth Vader era seu pai, tenta trazê-lo de volta ao lado bom da Força, ao mesmo tempo que o tirano Imperador Palpatine visa atrair Luke para o seu lado negro, naquela que é como que uma súmula da eterna guerra entre o bem e o mal. O que se pode dizer desta (suposta) primeira trilogia é que tem todos os ingredientes para que gerações inteiras a adorem, como se comprova na corrida aos primeiros bilhetes do próximo episódio (exactamente o que cronologicamente se situa a seguir a este). Não deixa de ser extraordinário que, embora as técnicas de efeitos especiais tenham evoluído numa progressão geométrica, os três episódios mais antigos sejam bem melhores do que os mais recentes. Ao fim e ao cabo, as pessoas preferem acreditar na história, nas outras pessoas, nos sentimentos e na pureza das coisas, do que na tecnologia. E mesmo que as explosões, ou o voo das naves, ou até os tiros não sejam particularmente bem feitos, têm sempre o carisma de um Han Solo, ou de uma princesa Leia, a coragem de um Luke Skywalker, ou até a pérfida malvadez com direito a arrependimento final de um Darth Vader, para se agarrarem. É aqui que se situa a grande mais-valia de Guerra Das Estrelas. Na extrema humanidade de todas as suas personagens. Umas em que até pontificam as facetas mais vis do Ser Humano, mas tendo outras, em contraponto, que agem segundo os códigos de honra mais admiráveis e levantam bem alto as mais prestigiadas bandeiras de que o lado da bom da Humanidade se orgulha. São vilões e heróis bem definidos, em filmes repletos de acção e diálogos com tiradas que se colam às conversas do dia a dia. É aventura no seu estado puro, que cruza a construção de novos mundos com a presença de valores ancestrais. No fundo, todo o universo Star Wars é como que um western espacial que mistura o medieval com a tecnologia de ponta numa aventura épica que praticamente não conhece limite. O que nos aguarda na continuação disto? Poucos o sabem, mas que a Força esteja connosco!

Comentários

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  1. O Regresso de Jedi foi para o Star Wars o que o Indiana Jones e o Templo Perdido foi para o Indiana Jones. Mal amados na mitologia das suas respectivas sagas mas, em ambos os casos, os meus filmes de entrada nestes universos que me definiram os gostos cinéfilos em tenra idade. É por isso que nunca conseguirei deixar de gostar de ambos com um travo nostálgico incontornável. Mesmo percebendo que, exceptuando o primeiro acto, O Regresso de Jedi é um remake do Star Wars original. Mesmo abandonando Han Solo a Falcão Milenar durante quase todo o filme. Mesmo havendo Ewoks. O que sobra, perguntarão vocês? Bom, deixem-me tentar começar a defesa deste capítulo: Jabba, The Hutt, Han Solo em carbonite, Leia escrava, Luke Jedi da cabeça aos pés num fato preto estiloso, os Bothans que morreram para trazer os planos, finalmente o Imperador, a morte de Yoda, a batalha de Luke com Darth Vader, as motas voadoras, as motas voadoras e as motas voadoras. E os Ewoks nunca me incomodaram verdadeiramente, tenho de confessar. Na inocência da primeira visualização, a sua vitória sobre o Império fazia todo o sentido. Pode não ser o melhor nem o mais sofisticado dos episódios mas é sem dúvida um excelente divertimento e foi sem dúvida nenhuma uma óptima porta de entrada para o que se revelou ser um fenómeno duradouro ainda com mais capítulos pela frente, bem como o início do vício de ler as “novelizações” da Europa-América dos meus filmes favoritos. Depois o “episódio VI” que aparecia no princípio do filme, singela entrada em prometida saga épica de, pelo menos nove episódios, informava-nos que havia muito mais para ver. Acredito que a decisão do George Lucas de ter colocado o famoso Episódio IV e o subtítulo Uma Nova Esperança na reposição do Star Wars original em 1981 foi um dos mais importantes momentos para a mitificação da série. O poder do desconhecido inflama a curiosidade e a imaginação.

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