Nos anos 70 nos Estados Unidos da América, algo estranho aconteceu – com os grandes estúdios em crise, e o filmes europeus a invadir as salas, o cinema americano começou a pensar mais em termos de arte e menos em termos de indústria.
E se a História do Cinema dito tradicional faz deste ponto a introdução para aquela estranha época da Nova Vaga Americana, quando Easy Rider, Bonnie & Clyde e A Primeira Noite dão o supremo choque eléctrico na cultura dos finais dos anos 60, não é disso que trata este artigo. Aqui tratamos do lado menos respeitável da grande revolução cultural dos anos 70, que veio nas pegadas da revolução sexual dos anos 60. Um movimento que falhou parcialmente nos seus objectivos, mas mudou para sempre o que é possível mostrar ou não mostrar no grande ecrã. Aqui falamos de quando a pornografia se tornou mainstream.
A época dourada da pornografia americana começou, oportunamente, em 1969, pelas mãos de Andy Warhol. Tendo feito filmes como Sleep (1963), Eat (1963), Empire (1964) e Blow Job (1963), era só uma questão de tempo até o artista filmar um projecto que originalmente se iria chamar Fucking. A premissa de Blue Movie (porque assim eram chamados os filmes pornográficos desde os primórdios do cinema até os anos 60 – devido à clandestinidade do processo de laboratório, os filmes eram revelados com métodos baratos, que geralmente davam uma tonalidade azul à película) é simples: um casal (Viva e Louis Waldon) passam a tarde juntos num apartamento em Nova Iorque, a discutir a guerra no Vietname e a fazer amor. Pela medida contemporânea, não é exactamente pornográfico – há nudez e sexo real, mas não há grandes planos hardcore; tudo é filmado de uma perspectiva voyeurista, muito característica de Warhol. O filme foi descrito por ele como um filme sobre a guerra do Vietname e o que podemos fazer acerca disso, antecipando em algumas décadas aquele grande tema do Pedro Abrunhosa, Talvez F… Blue Movie foi dos primeiros filmes com sexo explícito a ter distribuição comercial (em Nova Iorque e São Francisco) e inspiraria, anos mais tarde, O Último Tango em Paris. (…)
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