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[MOTEL/X 2017] Os Crimes de Limehouse

de Juan Carlos Medina

bom

Se o gótico criminal de tempos vitorianos continua a vender bem, Os Crimes de Limehouse, de Juan Carlos Medina, trazem mais uma entrada no género, onde o entretenimento e os valores de produção são peças fundamentais.

 

Baseado no romance Dan Leno and the Limehouse Golem, de Peter Ackroyd – um escritor versado em reconstituições históricas de Inglaterra, e que gosta de mesclar ficção com personagens reais –, o norte-americano Juan Carlos Medina realizou a sua segunda longa-metragem, Os Crimes de Limehouse (Limehouse Golem, 2016), ao bom estilo dos thrillers góticos que têm a Londres vitoriana como pano de fundo.

É todo o imaginário de Jack, o Estripador (nominalmente não presente, mas pressentido no espírito da obra) que Medina usa como inspiração, num filme de considerável riqueza cénica e detalhe na reconstituição, bem alicerçado nas interpretações do sempre notável Bill Nighy, e da estrela de terror em ascensão, Olivia Cooke. E com tal inspiração, o enredo (com argumento de Jane Goldman) vai obrigatoriamente passar por crimes horrendos, pelo pior da noite londrina, por uma investigação detectivesca e, claro, por muito sangue.

O melhor que podemos dizer de Os Crimes de Limehouse é que sentimos a sujidade e o cheiro dos bairros pobres de Londres e a labiríntica queda numa sórdida atmosfera macabra. Como se quer numa obra feita para justificar o seu elevado orçamento, o filme prende com uma teia envolvente, e um mistério que se estende até aos últimos instantes. Como bónus, todo o lado da literatura de cordel e do entretenimento efémero, mas colorido, trazido por Dan Leno (numa interpretação, também colorida, de Douglas Booth), criam um ambiente peculiar, onde a decadência das casas de espectáculo se liga com as motivações moralmente menos aceitáveis das personagens.

Nem tudo resulta bem. Muito na definição das personagens é artificial, e se a presença de Dan Leno (personagem real, conhecido como o rei das comédias de music hall do seu tempo) é perfeitamente justificada como o motor que define todo o cenário, já as de Karl Marx e George Gissing parecem inteiramente gratuitas, resultando no livro, como muletas para definição de certos aspectos sociais, mas desgarrados de profundidade no filme, sem prestar qualquer serviço à narrativa.

Ainda assim, olhando pelo lado do entretenimento, e pela interessante reconstituição de uma era e do seu meio teatral, Os Crimes de Limehouse é uma proposta interessante, que não desapontará o público que procura um thriller com um gostinho de passado.

Review overview

Summary

Thriller vitoriano, com inspiração nos crimes de Jack, o Estripador, o filme de Juan Carlos Medina vale pela reconstituição do submundo teatral londrino do séc. XIX, com interpretações sólidas de Bill Nighy e Olivia Cooke.

Ratings in depth

  • Argumento
  • Interpretação
  • Produção
  • Realização
3 10 bom

Comentários