A busca da história do Café Nagler, um local mítico na herança familiar da realizadora, revela que a realidade nem sempre é como a pintam.
Com base nos contos da avó, a realizadora israelita Mor Kaplansky parte para a Alemanha à procura da história do famoso Café Nagler que pertenceu à sua família. Kaplansky cresceu a ouvir histórias sobre o sumptuoso edifício de vários andares que albergava faustosas salas de café e restauração e que, depois de ter ficado para trás quando a família partiu para a Palestina, ganhou um estatuto mítico na herança familiar. Acontece que, quanto mais investiga, mais a realizadora percebe que, se calhar, a verdade não corresponde exactamente à sua fama. Ninguém se lembra do edifício nem os historiadores locais parecem ter ouvido falar sobre ele, negando sua importância cultural que as narrativas familiares lhe atribuíam. Tudo indica que, na verdade, não passou de um normalíssimo café de bairro.
Café Nagler começa como um exercício de procura de identidade que se vai transformando num confronto entre mito e realidade. Com a realizadora em primeiro plano, é um projecto pessoal e íntimo, não se acanhando nos momentos de maior frustração. Com a crescente percepção que persegue fantasmas da memória, Kaplansky, decidida a acabar o seu filme para a avó, transforma-o num exercício de ficção de interesse duvidoso. O contraponto que ocorre imediatamente é o superlativo documentário de 2012 Histórias que Contamos, realizado por Sarah Polley. Acontece que Café Nagler é menos refinado tecnicamente e, ao encontrar-se vazio de conteúdo e propósito, insiste em existir por capricho.
No final, tudo se resume ao final metafísico onde o filme encontra o seu público ideal ainda antes de estar terminado. A mistura das histórias ficcionadas com o local que realmente existiu — forçando os seus entrevistados a contribuir para a encenação — com o intuito de validar uma herança que não existiu, apenas serve a satisfação pessoal da realizadora de perpetuar a versão fantasiada da sua história familiar. Pelo caminho, para todos os espectadores sem ligações de sangue, o propósito do filme perde-se pelo caminho…
Review overview
Summary
Café Nagler começa como um exercício de procura de identidade que se vai transformando num confronto entre mito e realidade frustrante para o espectador.
Ratings in depth
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Argumento
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Interpretação
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Produção
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Realização