Desde o início dos tempos que música e dança fazem parte da experiência humana – em rituais, celebrações e espectáculos. O filme musical vem na sequência de uma rica tradição de teatro musical, opereta austríaca, cabaret, vaudeville americano e music hall. Talvez mais do que outros géneros cinematográficos, o musical esteve bastante dependente dos desenvolvimentos técnicos da sétima arte (primeira e obviamente, da introdução do filme sonoro, mas também da mobilidade da câmara, possibilidade de planos picados) e claro, da arte e talento dos que conseguiram ver as possibilidades infinitas da sétima arte quando comparadas com as quatro paredes do espaço teatral). Mas o que é, exactamente, um musical?
A pergunta, aparentemente simples de responder, torna-se traiçoeira quando se passa do plano teórico para o prático. Por exemplo, é evidente que Chapéu Alto é um musical, mas é-o 8 Mile? Quanto mais nos afastamos do período clássico do género (entre 1930 e 1960, coincidente – mas não uma coincidência – com a época dourada do studio system), mais complicada se torna a definição. Como categorizar os dance films dos anos 70 e 80– Footloose – A Música está do teu Lado, Febre de Sábado à Noite, ou mesmo Flashdance? Biopics sobre músicos são também de difícil classificação – o que faz de Lisztomania um musical que não está presente, por exemplo, em Amadeus?
Diz-nos o oráculo da Wikipedia que o musical é um género cinematográfico no qual canções interpretadas pelas personagens, muitas vezes acompanhadas por dança, são parte da narrativa. As canções normalmente avançam a narrativa e/ou desenvolvem as personagens, mas em alguns casos servem apenas como pausas na história, por vezes como elaborados números de produção que enchem chouriços (possivelmente um resquício do teatro musical, onde são precisos para dar tempo a mudanças de roupa e caracterização das personagens). Ou seja, nas palavras do elenco de Galavant, Continua a não haver razão para desatarmos a cantar. No sentido estrito da definição, se as personagens apenas interpretam canções num palco, não é um musical. Se as personagens não cantam de forma diegética, não é um musical (o que elimina filmes como Team America, por exemplo). Se as personagens apenas dançam… não é um musical. Claro está, as fronteiras de definição do género vão desvanecendo com o tempo. (…)
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