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O maravilhoso mundo musical de Jacques Demy

Apesar de ser um género mais comumente associado ao cinema dos EUA, o musical também foi aproveitado noutras latitudes. Se deixarmos de parte o paradigmático caso de Bollywood, nenhuma história do musical ficará completa sem a alusão a Jacques Demy, talvez aquele que melhor se soube apropriar das regras do género fora dos EUA, baseando a maior parte da sua obra em títulos do género.

 

Nascido em França e contemporâneo da Nouvelle Vague, Demy pouco teve a ver com a geração de Godard, Truffaut e companhia, além do gosto pelo Cinema e a amizade que manteve com esta geração de cineastas, na sua maior parte autodidatas e oriundos da redação dos Cahiers du Cinéma, parisienses de gema. Pelo contrário, Jacques Demy veio de fora, mais concretamente de Nantes, foi para Paris estudar numa escola técnica de Cinema (o que nem sempre aconteceu com os seus contemporâneos) e voltou à terra natal, onde iria realizar o seu filme de estreia Lola (uma das suas obras-primas) e um dos seus derradeiros títulos, Um Quarto na Cidade. Tudo isto faz de Demy (assim como a sua eterna companheira Agnés Varda) um caso à parte dentro da Nouvelle Vague.

 

A arte e a cultura desde cedo entraram na vida de Demy. Ainda criança, quando ficava em casa enquanto os pais iam trabalhar, aprendeu a ouvir música com a ajuda da coleção de vinis que tinha ao dispor. O sonho de ser músico chegou a fazer parte dos planos de Demy por essa altura, mas a eclosão da II Guerra Mundial e a falta de professores deitou por terra a ideia. Por essa altura Demy começa também a tomar contacto com o Cinema e o Teatro, nas frequentes idas a espetáculos com a família, onde se apaixona de vez pelos filmes de cineastas como Robert Bresson, Max Ophus e Jean Cocteau, três dos seus realizadores de eleição. Esta paixão pelas matérias artísticas levaram-no a explorar este novo mundo e a construir pequenas peças e filmando pequenos filmes em casa, com recurso a equipamentos oferecidos pelos pais, e a ler avidamente as páginas da revista L’Ecran Français. Um dia, após mostrar um dos seus filmes a Christian-Jacque, um realizador bastante popular à época que se deslocara a Nantes para apresentar um filme no cineclube local, este convence o pai de Demy a enviar o filho para Paris e assim aprender Cinema, mesmo não tendo terminado ainda a Escola Secundária.

 

Dois anos depois, já na década de 1950, começa a sua carreira cinematográfica a sério, primeiro como argumentista, depois como realizador de curtas-metragens e por fim, conselheiro técnico no filme oficial do casamento de Rainier do Mónaco com Grace Kelly. Estamos em 1956 e Jacques Demy já tem algum nome, mas falta-lhe arriscar uma longa-metragem. Ainda nesse ano trava conhecimento com alguns nomes da geração da Nouvelle Vague (chega a fazer figuração no célebre Os Quatrocentos Golpes, de François Truffaut), mas continua a filmar curtas-metragens. (…)


in Take 45 – Leia aqui o artigo completo
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