Após passar pela internet, pela rádio e pela televisão, a sabedoria e o humor únicos de Bruno Aleixo chegam finalmente ao cinema.
Há já algum tempo que o nome de Bruno Aleixo pertence ao leque de celebridades portuguesas. Para quem não conhece, Bruno é uma figura de animação digital portuguesa, fisicamente representada como um cruzamento entre um urso, um cão e um ewok da saga Star Wars, oriundo de Coimbra e com um diálogo marcadamente sarcástico. Esta criatura com o dom de dobrar a palavra e vencer qualquer tipo de argumento foi criada por João Moreira e Pedro Santo, sendo o primeiro responsável por dar voz à personagem. A dupla criadora traz agora a famosa personalidade para o cinema, assumindo o cargo de argumentistas e realizadores.
A história é simples – Bruno Aleixo foi contactado por uma produtora para fazer um filme sobre a sua vida. Então, Bruno reúne os amigos para uma sessão de brainstorming à procura da história ideal. Está aqui a premissa perfeita para uma viagem pelos diferentes géneros do cinema, desde drama a terror, passando por thrillers policiais, sitcoms, novelas, filmes de animação e ainda cinema português. Tudo isto, num tom claramente satírico e absurdo, com o humor proveniente deste universo criado por João Moreira e Pedro Santo.
Mas “a mais sábia criatura com residência oficial em Portugal” (como Bruno é descrito na sinopse do seu programa na SIC Radical) não vem sozinha. O Filme do Bruno Aleixo apresenta-nos não só o seu grupo de amigos mais próximos – Busto, Renato Alexandre e o Homem do Bussaco – como ainda um conjunto de figuras conhecidas do estrelato português – nomes como Adriano Luz, Rogério Samora, João Lagarto, José Raposo, Gonçalo Waddington ou Fernando Alvim.
Para os fãs da personagem, o filme traz uma dose do tipo de humor ao qual já estão habituados, bem como uma série de referências à longa história de vida da figura central. Mas não só de fan-service vive a longa-metragem. Com O Filme do Bruno Aleixo, João Moreira e Pedro Santo apresentam um olhar satírico sobre o processo de criação artística e ainda um reflexo do povo português – este povo com os pés assentes na terra, mas com a cabeça sempre nas nuvens. A simplicidade do enredo e o seu orçamento honesto acabam por ser o seu maior trunfo – no final de contas isto não passa de uma conversa entre amigos, onde a imaginação toma frequentemente as rédeas da história.
Enquanto o argumento é inventivo, cheio de surpresas, repleto de humor absurdo e assente numa mestria do timing cómico, a realização fica lhe ligeiramente atrás. Não é extraordinária pois limita-se a copiar e homenagear diferentes estilos, mas acaba por ser adequada à longa-metragem e sem passar pelo pretensiosismo – exceto, é claro, quando é para ridicularizar esse pretensiosismo.
Um dos “sketches” do filme, e aquele que ocupa o maior tempo da narrativa, consiste num thriller policial onde Adriano Luz e Rogério Samora dão pele às personagens de Bruno Aleixo e Homem do Bussaco, respetivamente. Digo “pele” porque ao longo da sequência a voz dos atores é dobrada pelas próprias personagens criadas por João Moreira e Pedro Santo. Para além de hilariante, esta mecanismo de lip synch acaba por chamar a atenção para a edição sonora do filme, a qual surpreendeu bastante pela positiva. Quando o filme termina, é difícil voltar a ouvir as verdadeiras vozes do duo de atores portugueses sem estranhar.
No geral, O Filme do Bruno Aleixo acaba por ser mais do que apenas uma “série de sketches” durante uma hora e meia. É o mais perto que o cinema português já esteve de um filme ao estilo dos Monty Python, mas sem alguma vez perder o seu tom “à portuguesa”. E no centro disto tudo está esta figura icónica do humor português cujo maior trato é ter a mania.
Review overview
Summary
Hilariante e absurdo, “O Filme do Bruno Aleixo” é uma viagem por diferentes géneros do cinema capaz de fazer qualquer espetador rir, independentemente de estarem familiarizados com a personagem.
Ratings in depth
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Argumento
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Interpretação
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Produção
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Realização