Algures nos anos 60, surgiu o mito dos Países Nórdicos como lugares social e sexualmente permissivos, um mito com base numa realidade bastante específica e que se mantém até aos dias de hoje. Mas quando falamos de erotismo escandinavo no cinema, estamos a ser demasiado abrangentes geograficamente – a Noruega sempre foi um país de uma religiosidade mais pesada, os filmes islandeses nunca tiveram uma distribuição internacional digna de menção, e a Finlândia, com raras excepções (Como 69 (1969), de Jörn Donner) nunca se aventurou muitos. Do que falamos, então, quando falamos de Amor Explícito no Ecrã? Dos nossos amigos suecos e dinamarqueses.
Mas se hoje todos associamos estes dois países a uma cinematografia mais ousada, nem sempre foi assim. No final da Segunda Grande Guerra, o erotismo da Sétima Arte – assim entendido pelos países anglo-saxónicos, – encontrava-se em França e Itália. Muitos soldados americanos – nos intervalos entre derrotar os Nazis – tiveram experiências bastante positivas com os indivíduos do sexo feminino desses mesmos países, e voltaram para casa com excelentes e picantes histórias para partilhar durante o Almoço de Jantar de Graças com os netos e bisnetos. Suecas e dinamarquesas, na mente internacional, eram altas e louras, e pouco mais.
Dentro da Suécia dos anos 50 e 60, contudo, as coisas andavam a mudar, social e politicamente. Um dos grandes países de vanguarda em termos de direitos femininos, a Suécia estava empenhada em tornar-se numa sociedade progressiva, usando tanto elementos do mundo ocidental capitalista, como um certo idealismo comunista que tinha ali tão pertinho a Este. Em termos de cinema, as exportações (limitadas) limitavam-se a Bergman. Mas tudo iria mudar em 1951, com um filme que encarnava ao mesmo tempo o culto escandinavo da juventude e dos grandes espaços abertos, que o mundo começou a reparar no que se fazia naquele cantinho do mundo. Falamos de Ela Só Dançou um Verão (Hon dansade en sommar, Arne Mattsson), baseado no livro Dança de Verão de Per Olof Ekström. (…)
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