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[MOTELX 2019] The Lodge

de Severin Fiala e Veronika Franz

muito bom

Dizem Severin Fiala e Veronika Franz que as famílias são uma boa fonte de terror, depois de Goodnight Mommy (2014), The Lodge (2019) volta a prová-lo.

 

Com a assinatura da dupla alemã Severin Fiala e Veronika Franz, que antes já nos dera Goodnight Mommy (Ich seh ich seh, 2014), agora em inglês, sob o patrocínio da lendária produtora britânica Hammer, The Lodge (2019) é um thriller daqueles que gosta de brincar com as expectativas do espectador.

Começando com um cenário clássico em que dois adolescentes – Aidan e Mia (Jaeden Martell e Lia McHugh) –, filhos de pais divorciados vão ter de fazer as pazes com o facto de que o pai (Richard Armitage) tem nova namorada, o filme vai evoluindo esse cenário de modo a sugerir-nos pontos de tensão, ameaças, inseguranças que acreditamos estarem presentes, mas não sabemos ao certo de onde vêm.

Com Riley Keough no papel de Grace, a inusitada madrasta, que quer ser aceite pelos novos enteados, mas é vista por eles como uma psicopata, o filme passa ao cenário de uma casa isolada na neve (a nominal Lodge), a qual é espelhada pela casa de bonecas extremamente realista que os miúdos têm, em planos que por vezes nos fazem duvidar se estamos dentro de uma ou de outra, e se os personagens não passam de bonecos nas mão de alguém – num movimento que talvez seja inspirado em Hereditário (Hereditary, 2017) de Ari Aster. Aí, claustrofobicamente, Grace e os jovens Aidan e Mia vão ter de se tolerar, conquistar ou confrontar, sabendo nós que Grace tem um passado torturado de um culto religioso liderado pelo seu fundamentalista pai, que resultou numa morte colectiva.

Como se os focos de tensão fossem poucos, tudo começa a correr mal na casa, com desaparecimentos de mantimentos, sugestões de presenças sobrenaturais, sonambulismos nocturnos, e privações de medicamentos que levam a alucinações. A partir de então, e numa tensão, sempre bem sólida, sem picos nem gratuitidades, Severin Fiala e Veronika Franz conduzem-nos perante um enigma de comportamentos que transcende os banais twists – o filme tem-nos, mas não depende deles – para nos inquietar, quando um deles é revelado, com a pergunta “E agora? O que vão os personagens fazer com isto?”

No final – em aberto, note-se – é-nos deixado um ensaio sobre psicoses, fanatismo religioso e o modo como as fraquezas humanas podem ser exploradas para trazer ao de cima os mais macabros cenários.

Review overview

Summary

Thriller inteligente que transcende a dependência dos twists para nos deixar sempre com a inquietante pergunta “e agora?” numa escalada negativa de psicoses, alucinações e comportamentos erráticos num cenário claustrofóbico.

Ratings in depth

  • Argumento
  • Interpretação
  • Produção
  • Realização
4 10 muito bom

Comentários