[MOTELX 2019] The Entity

Misto de folclore local com o genérico mundo das casas assombradas e possessões demoníacas, The Entity chega das Filipinas para assustar… mas pouco.

Quando ouvimos falar em terror asiático, lembramo-nos daqueles clássicos japoneses e coreanos que criaram quase uma revolução no terror internacional na passagem do milénio. Lamentavelmente, o filipino The Entity (Kuwaresma, 2019), de Erik Matti (um famoso e prolífico realizador no seu país natal) nunca chegará a entrar nesse panteão.

Sob os auspícios de terror sobrenatural de casas assombradas, The Entity inicia-se exactamente como o esperado. Temos a apresentação de uma família tradicional que talvez tenha alguns segredos, uma morte misteriosa de que ninguém quer falar, aparições do fantasma da morta (Pam Gonzalez) ao irmão gémeo (Kent Gonzales), e uma médium (Guila Alvarez) que cumpre o habitual papel do arauto da desgraça que traz informações e soluções. E então temos os primeiros sintomas da assombração, onde a casa parece ganhar vida e todos os objectos conspiram contra o protagonista, como que incitando-o a descobrir algo.

O pior vem depois. Sem muito mais para dizer de original, os autores resolvem empilhar temas só porque sim: temos os traumas familiares com um pai criminalmente dominante (John Arcilla), segredos de identidade que levam a realidades imaginadas, possessões demoníacas, assombrações do passado, tudo envolto em histórias anteriores nunca explicadas e irrelevantes para o desenlace, por onde vemos monstros mitológicos, passagens secretas que pouca importância narrativa têm, etc. etc.

O resultado é uma obra amálgama, para a qual se percebe ter sido atirado um pouco de cada coisa para que alguma das vertentes resultasse. Não funciona, e The Entity passa da promessa inicial a um enfado sem propósito. Salva-se o trabalho de câmara e o profissionalismo dos actores, mas é pouco quando já se viu tanto e melhor dentro do género.

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