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[MOTELX 2019] Rabid

de Jen Soska e Sylvia Soska

mau

Revisto pelas irmãs Soska, Rabid é uma homenagem a David Cronenberg que parece querer relembrar a ingenuidade do início da carreira do realizador canadiano, ficando a meio caminho entre homenagem e revitalização dos temas originais.

 

Em 1977 o visionário realizador canadiano David Cronenberg dava-nos Coma Profundo (Rabid), a sua terceira longa-metragem, ainda numa fase inicial da sua carreira, marcada por produções de baixo custo, o que se reflectia nalgumas soluções estéticas e escolha de elenco. No entanto, Coma Profundo – como o anterior Parasitas da Morte (Shivers, 1975) – é já um filme com todas as marcas autorais de Cronenberg, onde a temática passa pela transformação do corpo humano, num horror visceral onde comentário social nos chega em forma de pesadelo corporal.

Em 2019, as gémeas e também canadianas Jen e Sylvia Soska resolveram homenagear Cronenberg com o remake Rabid, filme que escreveram e realizaram.

Levando a história para o mundo da moda, Rabid acompanha o percurso de Rose (Laura Vandervoort) uma designer pouco apreciada (tanto pelo seu trabalho como pela sua beleza). Uma série de infortúnios (físicos e emocionais) levam-na a contactar uma clínica que faz trabalho de ponta na reconstituição física. Rose torna-se uma mulher belíssima (isto é, torna-se a verdadeira Laura Vandervoort, e não uma versão desfeada como antes), e curiosamente uma diva no mundo do design de alta-costura. Só que há um preço a pagar, um redescoberto apetite por sangue que leva a momentos de blackout onde talvez Rose faça algo por esse apetite.

Com muito gore, ataques múltiplos de gente desenfreada por sangue, e um final digno dos desenhos de H. R. Giger, Rabid começa por parecer querer fazer uma sátira sobre a aparência (a beleza feminina, a moda), para culminar num terror que pretende a visceralidade digna de Cronenberg. Espanta no entanto uma propositada queda num certo kitsch típico do filme original, aliado a interpretações estilizadas a querer recuperar a ingenuidade dos primeiros tempos de Cronenberg. Tal resulta num argumento sinuoso que não se parece levar muito a sério, num filme que, por isso, não consegue superar nem trazer nada de novo sobre o original, a não ser uma certa nostalgia requentada.

Review overview

Summary

Homenagem que cai no requentar de uma atitude que já não era o ponto forte do filme original, Rabid não é fiel aos temas com que parece querer inovar, caindo numa paródia de si mesmo.

Ratings in depth

  • Argumento
  • Interpretação
  • Produção
  • Realização
2 10 mau

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