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[MOTELX 2019] Nightmare Cinema

de Mick Garris, Alejandro Brugués, Joe Dante, Ryûhei Kitamura e David Slade

bom

Da mente de Mick Garris, e reunindo outros quatro realizadores de países diferentes, Nightmare Cinema, é uma antologia de terror que lembra as séries televisivas daquele autor.

 

Mick Garris tournou-se conhecido entre os fãs do cinema de terror, principalmente por ter organizado a série televisiva Masters of Terror (2004-2006) que, em 24 episódios, reuniu alguns nomes conhecidos do cinema e TV para um conjunto de episódios em que cada autor contribuía uma história diferente. O passo lógico, ou assim pareceu a Garris, seria passar isso ao cinema, e iniciou-se um projecto que passaria por diferentes países, para, sob a égide Masters of Terror, poder originar uma viagem pelo mundo do terror. Tal nunca foi possível concretizar, e, em jeito de prémio de compensação, Garris conseguiu financiamento para um único filme, composto por cinco episódios, realizados por outros tantos autores (o próprio incluído), e que reunia, Alejandro Brugués (Argentina), Joe Dante (EUA), Ryûhei Kitamura (Japão) e David Slade (Inglaterra).

O resultado foi Nightmare Cinema (2018), um filme de antologia, que recupera um certo jeito de olhar o terror, ilustrativo, talvez, de algumas décadas atrás, com o lado camp de séries como Tales from the Crypt (1989-1996) e outras que se lhe equipararam.

Ligados por um fio condutor que leva o protagonista de cada episódio a entrar num cinema abandonado – o lendário Rialto de South Pasadena, Califórnia – onde é recebido por um sinistro projecionista (Mickey Rourke), cada personagem vê-se depois na tela numa história trágica.

The Thing in the Woods, realizado por Alejandro Brugués, conta a história, em jeito slasher, de um serial killer que talvez não seja o mau da fita, já que pode haver mais em jogo. Mirari é a contribuição de Joe Dante, mostrando, quase no estilo de David Cronenberg, que o desejo de beleza pode levar uma mulher a uma clínica sinistra onde os resultados deixam muito a desejar. O japonês Ryûhei Kitamura dá-nos Mashit, levando-nos ao paranormal bíblico com ecos de O Exorcista, num colégio católico, onde as crianças começam a ser atormentadas pela presença de um demónio. This Way To Egress, de David Slade, conta-nos uma história pós-apocalíptica, onde os problemas psicológicos de uma mulher com dificuldades em relacionar-se com a realidade podem ser porque essa realidade já não existe. Por fim, Dead é o terceiro episódio, assinado pelo próprio Garris (que também realizou os momentos de ligação interpretados por Mickey Rourke), contando a história de um jovem que após sobreviver a uma tentativa de assassinato começa a ver os mortos como se ainda estivessem entre nós.

Diversificado nos temas e subgéneros que abarca (de O Exorcista a coisas que poderiam provir de The Twilight Zone), Nightmare Cinema consegue uma invulgar (neste tipo de filmes) consistência. Ainda que pareçamos estar a ver uma compilação de episódios televisivos, os elos de ligação conseguem tornar a experiência algo mais completo, quase com um princípio, meio e fim, resultando numa viagem compensadora, onde provamos pratos diferentes, não deixando de sentir que estivemos numa refeição com sentido, mesmo que os sustos sejam poucos, a originalidade nem sempre esteja presente, e alguns dos episódios sejam levados em tom ligeiro. Mas, afinal, quem disse que o terror não deve também deixar-nos bem-dispostos?

Review overview

Summary

Série de cinco filmes diferentes, ligados por um projecionista (Mickey Rourke) que conta às suas vítimas histórias macabras em que eles se vêem como protagonistas de filmes de terror, Nightmare Cinema é um filme de antologia mais consistente que o habitual nesta categoria, num esforço saído da mente de Mick Garris.

Ratings in depth

  • Argumento
  • Interpretação
  • Produção
  • Realização
3 10 bom

Comentários