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[MOTEL/X 2017] Super Dark Times

de Kevin Phillips

muito bom

Super Dark Times é a obra de estreia de Kevin Phillips com que abriu a edição deste ano do MOTELX – Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa.

 

A edição deste ano do MOTELX – Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa arrancou com Super Dark Times, a obra de estreia de Kevin Phillips. Neste drama cozinhado a lume brando, os adolescentes Zach e Josh, melhores amigos deste a infância, vão ver a sua amizade colocada à prova por um acidente trágico que os vai obrigar a carregar um segredo. Estamos na época natalícia de um qualquer ano da década de noventa, onde o discman coabita com o walkman e os telemóveis ainda não são ubíquos, nem tão pouco a internet. No entanto, as referências são tratadas com contenção. O foco aqui é o microcosmos das relações interpessoais de adolescentes normais com tempo para matar nas mãos — a palavra chave é mesmo “normalidade”. As preocupações dos amigos são mundanas e tanto Zach como Josh revelam um fascínio especial por Allison, uma colega da escola. Quando a tragédia acontece é inesperada, violenta e tangencial e vai cavar um fosso irreparável entre os dois amigos. Com a narrativa a focar-se em Zach, Super Dark Times transforma-se num filme de assombrações. De culpa, remorso e consciência pesada. De uma mistura onírica e conflituosa de temor e desejo sexual. De premonição e inevitabilidade. Quando a violência chega no final é seca, crua e tão esperada quanto incompreensível.

Kevin Philips tece um pano de fundo ambiental, quase expressionista, compondo cenários em contraluz que se traduzem numa plasticidade de grande beleza que capturam um certo espírito de descontentamento adolescente. Igualmente eficaz são as cenas que ilustram o fascínio pelo objecto de desejo, especialmente nos momentos entre Zach e Allison. Esta especificidade de caracterização aliada a uma linguagem narrativa ponderada e verosímil, no que respeita ao retrato das interações entre as personagens, eleva um argumento de Ben Collins e Luke Piotrowski  algo indeciso no que respeita ao rumo e conclusão a dar à história. Com um prólogo misterioso, nota-se o esforço de tentativa de enriquecimento temático, mas Super Dark Times acaba por ser um sucesso pelo seu tom assombrado, ritmo confiante e interpretações recheadas de subtileza.

Tendo perfeita noção das comparações a um filme de culto do princípio do milénio que lidava com adolescência e conceitos de ficção científica — partilham, de facto, alguns paralelismo circunstancias pois ambos são filmes de época a olhar para um passado recente que olham com seriedade e respeito para a vida interior de adolescentes —, escuso-me no entanto de fazer o desprimor a Phillips de colar essa carga à sua promissora obra de estreia nas longas-metragens. Venha o próximo!

Review overview

Summary

Super Dark Times é um filme com um tom assombrado, ritmo confiante e interpretações recheadas de subtileza onde dois adolescentes lidam de forma distinta com uma tragédia inesperada e violenta.

Ratings in depth

  • Argumento
  • Interpretação
  • Produção
  • Realização
3.5 10 muito bom

Comentários

Written by António Araújo

Cinéfilo, mascara-se de escritor nas horas vagas, para se revelar em noites de lua cheia como apaixonado podcaster.

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