E se um leão feroz surgisse à solta numa grande cidade? Dick Maas trata o assunto em Prey, um filme de acção sangrento, mas onde a boa disposição toma um papel central.
Dick Maas é um realizador holandês já com uma longa carreira, que se tem dedicado fundamentalmente a filmar histórias de acção e violência em thrillers criminais ou de monstros à solta por Amsterdão. Com uma boa reputação no seu país, é conhecido entre nós principalmente pelo seu filme de 1983, O Elevador (De Lift), que fala de um elevador assassino inspirado no universo de Stephen King. E é esse mesmo gosto por histórias bizarras, num cenário improvável que joga com o pânico colectivo e formas menos ajustadas de o gerir, que Maas nos traz agora em Prey (Prooi, 2016), filme no qual um leão feroz surge à solta em Amsterdão, com instintos assassinos.
À primeira vista, e confirmado durante o filme, a premissa é um pouco incrível, já que não se crê que um animal selvagem de tal porte pudesse por muito tempo iludir a perseguição numa grande cidade, mas Maas sabe isso e assume-o tratando o tema com a necessária leveza que nos faça perceber que é de um cenário improvável que se trata, e não de uma história seriamente realista.
O que mais interessa Maas (que também escreveu o argumento e compôs a banda sonora) é fazer de Deus, criando um ponto de partida estranho e deixando-o desenvolver-se por si próprio, para que gere a sua própria história, que é a de comportamentos humanos e reacções (mais ou menos) organizadas. O que poderíamos descrever como uma insinuação de ameaça que se inicia veladamente, como num filme de Jacques Tourneur, torna-se um monster movie em toda a sua plenitude, lembrando o final de um filme como Um Lobisomem Americano em Londres (An American Werewolf in London, John Landis, 1981), um filme do qual Prey herda o gore e a boa disposição.
O que fica pelo meio são histórias de pessoas, algumas no primeiro plano, como a da veterinária Lizzy (Sophie van Winden) e do repórter Dave (Julian Looman), casal inicialmente desavindo, que as agruras da caçada vai reunir; o caçador (de leões ou mulheres?) inglês Jack (Mark Frost), cujo passado playboy reverte num presente altruísta; os esforços desajeitados da polícia; ou pequenas histórias de fundo, como os golfistas, ou os caçadores amadores. Todas elas são apontamentos interessantes, que aligeiram o tom e trazem a dose certa de humor que contrabalança com a violência, fazendo-nos esquecer a inverosimilhança da história.
Sem ser um filme ao nível dos melhores de Maas, nem trazer ideias novas, Prey entretém, e cumpre os seus objectivos de divertimento com muito sangue e alguns sobressaltos.
Review overview
Summary
Sem inovar, nem espantar pelo tema, Prey equilibra em boas doses acção, gore e humor, num monster movie que pretende divertir tanto quanto assustar.
Ratings in depth
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Argumento
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Interpretação
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Produção
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Realização