Lowlife constrói várias narrativas distintas à volta de um conjunto de pequenos criminosos que se interligam e oferecem diferentes pontos de vista sobre os mesmos eventos.
Lowlife é um filme norte-americano de Ryan Prows escrito a dez mãos (o próprio realizador mais Tim Cairo, Jake Gibson, Shaye Ogbonna e Maxwell Michael Towson) que constrói várias narrativas distintas à volta de um conjunto de pequenos criminosos que se interligam e oferecem diferentes pontos de vista sobre os mesmos eventos, mostrando as personagens envolvidas na trama sobre uma nova luz a cada novo capítulo.
No centro dos acontecimentos está Teddy “Bear” Haynes, um mafioso que se aproveita da situação precária de imigrantes ilegais para o seu negócio criminoso de venda de órgãos. Um dos seus capangas é El Monstruo, um justiceiro mexicano que usa uma máscara de lutador de luta livre, mas que não está à altura do legado familiar que herdou. As suas esperanças de fazer perpetuar o mito estão depositadas na gravidez da sua mulher Kaylee, filha adoptiva de Teddy “Bear” que salvou do seu círculo de prostituição. Entretanto Crystal, a verdadeira mãe de Kaylee negoceia com Teddy a doação de um rim pela sua fiha para salvar o pai biológico. O problema é que Kaylee não sabe deste negócio e é vítima de um rapto encomendado pelo pai adoptivo perpetuado por Keith, um advogado que roubou o barão do crime, e Randy, o ex-colega que apanhou onze anos de prisão para proteger Keith e saiu da prisão com uma cruz suástica tatuada na cara.
Na sessão de perguntas e respostas da sessão da sala Manoel de Oliveira do cinema São Jorge onde o filme foi exibido, Ryan Prows, na companhia da actriz Nicki Micheaux, explicou que o argumento começou por ter uma estrutura de antologia, com vinhetas independentes. Foi mais tarde que o grupo de escritores resolveu interligar as histórias. O resultado é um filme violento onde as ténues preocupações sociais e raciais são pano de fundo para uma história de crime e (alguma?) redenção. É uma mistura entre Colisão (Paul Haggis, 2004) e Pulp Fiction (Quentin Tarantino, 1994), sem a agenda política do primeiro nem a obsessão com a cultura popular do segundo.
As interpretações são de qualidade variável, com o destaque a ir precisamente para Nicki Micheaux no papel de Crystal, uma ex-viciada que vive com o peso na consciência de ter vendido a filha bebé e de não conseguir para o marido a sobriedade que consegui para ela. Nitidamente Ryan Prows tem talento. Logo na cena de abertura, durante o genérico, demonstra não ser avesso ao choque e constrói cenas de alguma tensão com a ajuda de uma excelente banda sonora que aumenta o impacto das imagens com sonoridades bombásticas. O problema é a colagem à sua estrutura pouco original e derivativa que acaba por funcionar em seu detrimento pois não está à altura dos filmes que invoca. Ainda assim, Ryan Prows é um nome a ter em atenção e fica no ar alguma expectativa em relação ao que conseguirá fazer com um argumento de maior qualidade.
Review overview
Summary
Lowlife é uma mistura entre Colisão e Pulp Fiction, sem a agenda política do primeiro nem a obsessão com a cultura popular do segundo.
Ratings in depth
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Argumento
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Interpretação
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Produção
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Realização