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[MOTEL/X 2017] Lake Bodom

de Taneli Mustonen

mau

Um slasher em finlandês é proposta curiosa. Pena é que de finlandês Lake Bodom tenha pouco mais que a língua, e nos faça pensar que estamos num dos mais gastos subgéneros de Hollywood.

 

Como o realizador Taneli Mustonen não se cansa de salientar, o género do terror não é explorado na sua natal Finlândia há uma década, e conseguir orçamentos para tal é quase um milagre. Espanta por isso (ou talvez o justifique) que ao arriscar nesse caminho, Mustonen tenha decidido enveredar por um dos mais gastos subgéneros de Hollywood, o slasher de adolescentes.

Slasher com um twist, dir-se-á, mas Lake Bodom (Bodom, 2016) segue as regras desse subgénero desde os instantes iniciais, numa realização e montagem que são perfeitamente hollywoodescas. Senão vejamos, temos um grupo de quatro adolescentes (Nelly Hirst-Gee, Mimosa Willamo, Mikael Gabriel e Santeri Helinheimo Mäntylä) que decide, morbidamente, ir recriar o cenário de um horrendo crime passado nas margens do nominal Lago Bodom, nos anos 60 (baseado num caso real, ainda por resolver). Temos, por inerência, a localização remota, numa floresta que cheira a perigo. Temos a dinâmica de liceu, com sexualidade crescente, saltos hormonais e intrigas telenovelescas. E temos os crimes sangrentos, de arma branca, precedidos dos inevitáveis jump scares, onde cada momento de silêncio e escuridão reverte num susto primário com respectiva e escusada explosão sonora.

Narrativamente tudo é cliché, até ao tal twist que nos promete um thriller mais denso que o simples corta e volta a cortar do slasher. Mas isso é sol de pouca dura, com Mustonen a ter pressa de desvendar tudo e voltar a cortar, pois é na «emoção» da iminência da morte que se centra o seu filme. Nisso e no corpo de Nelly Hirst-Gee (contam-se pelos dedos os planos em que não vejamos as suas pernas nuas ou tenhamos um bom ângulo do seu peito), a previsível final girl, que viverá para sempre tão traumatizada, que se Mustonen estivesse nos Estados Unidos teria que a submeter à terapia das sequelas onde ela continuasse a exibir os seus dotes (físicos, claro).

Compreende-se que a tragédia do Lago Bodom atormente a memória colectiva finlandesa, num mistério até hoje por resolver, e que seja, por isso, pasto perfeito (inevitável até) para um filme de emoções fortes. Compreende-se menos é a queda no mais previsível e explorado dos subgéneros, quando nada mais há a acrescentar-lhe.

Review overview

Summary

Com a tradicional dinâmica de liceu por base, Lake Bodom reúne adolescentes e clichés, num slasher que tenta surpreender, mas acaba por mais não fazer que parecer um primo pobre de todos os filmes com que se tenta parecer.

Ratings in depth

  • Argumento
  • Interpretação
  • Produção
  • Realização
2 10 mau

Comentários