Kaleidoscope é a obra de estreia nas longas-metragens de Rupert Jones em que o autor dirige o irmão Toby numa homenagem a Hitchcock e Polanski.
Depois de O Som do Medo (2012) — se ainda não viram, façam um favor a vós próprios e vejam este filme —, Toby Jones volta a brilhar num quebra-cabeças de construção meticulosa e cuidada, desta vez pela mão do irmão Rupert Jones, responsável pelo argumento e pela realização. Com uma carreira feita de trabalhos televisivos de pendor cómico, Rupert estreia-se nas longas-metragens para cinema com uma obra inspirada (segundo o próprio) em Alfred Hitchcock e Roman Polanski — este último, mais particularmente da safra de Repulsa (1965) e o Inquilino (1976). Do mestre do suspense, as referências óbvias são mais de ordem estética do que temática com imagens e sequências a fazer lembrar A Mulher Que Viveu Duas Vezes (1958).
Carl é um ex-presidiário que marca um encontro através de um serviço online. Ao levar a rapariga para casa, a noite acaba com a sua morte. Entretanto, a chegada da mãe de Carl parece colocar em causa a sua percepção e as suas fronteiras entre a realidade e as suas fantasias psicóticas começam a desvanecer. O realizador, que esteve presente na exibição do filme na Sala Manuel de Oliveira do cinema São Jorge, explicou na sessão de perguntas e respostas que se seguiu à sessão que a história nasceu de forma linear, sem qualquer ambiguidade na sequência de eventos e acontecimentos. Porém, o dispositivo narrativo da mãe de Carl — que funcionava como uma espécie de detective privado que investigava o envolvimento do filho no crime — tornou-se, ao invés, num catalisador tanto para os seus impulsos homicidas, como para a fragmentação da sua sanidade mental, colocando em causa o próprio crime no centro da trama.
Kaleidoscope não será um filme popular nem para todos os gostos. É um thriller com um ritmo pausado e um particular cuidado com os pormenores que pode testar a paciência do público. Requer a sua devida atenção ao desafiar a lógica de uma narrativa convencional sem oferecer muitas explicações, deixando pistas para o seu entendimento de forma bastante subtil. Mas, com um actor do calibre de Toby Jones no centro de todas as cenas do filme, o investimento na narrativa é recompensada nesta primeira obra que não precisa de se envergonhar perante o pesado e importante legado que invoca.
Review overview
Summary
Kaleidoscope é um thriller com um ritmo pausado e um particular cuidado com os pormenores que recompensa o espectador pelo investimento e atenção à narrativa.
Ratings in depth
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Argumento
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Interpretação
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Produção
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Realização