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[MOTEL/X 2017] O Espírita

de Augusto Fernando

muito mau

Na secção Quarto Perdido do MOTELX, exibiu-se O Espirita, uma curiosa obra luso-espanhola de terror do português Augusto Fernando, hoje completamente caída no esquecimento.

 

Um dos pontos de interesse de um festival como o MOTELX é a recuperação de algumas obras caídas no esquecimento, e que de outro modo estariam arredadas do conhecimento do grande público. Foi nessa perspectiva que, inserido na secção Quarto Perdido, o MOTELX trouxe a exibição do filme O Espírita (El Espiritista, 1976), realizado por Augusto Fernando, numa co-produção luso-espanhola, e que passa por ser um dos raros exemplos de cinema de terror de autores portugueses.

Com muito pouca informação hoje existente sobre o filme, sabe-se que Augusto Fernando viveu em Espanha, e foi com uma equipa daquele país que veio filmar em Lisboa, resultando num filme obscuro, que chegou a ser exibido em Espanha sob o título O Exorcista 3. Hoje não se conhecem outras cópias que não sejam as digitalizadas a partir de cassetes VHS, e foi uma dessas que passou no MOTELX.

Numa produção pouco mais que caseira, feita com parcos meios, e quase exclusivamente em dois ou três apartamentos, nos quais visitamos apenas um corredor e algumas salas, O Espírita conta a história de Alberto Ramos (Vicente Parra), um conhecido fotógrafo lisboeta, que vive principalmente das burlas do seu «número» de médium, com o qual explora as mulheres mais impressionáveis, por vezes fazendo-se passar pelos seus defuntos amantes, para as conquistar sexualmente.

Tudo no seu negócio e vida parece correr bem, até ao momento em que conquista a rica viúva Margarida (Norma Kastel), pois numa sessão de pretenso espiritismo, Alberto começa a sentir dolorosos ruídos dentro da sua cabeça, que mais tarde se revelarão como a presença do verdadeiro falecido que virá a tomar o seu lugar para voltar a estar com a esposa, tudo terminando em tragédia.

Pelo meio temos as conquistas de Alberto, a sua vida nocturna, uma curiosa passagem por uma casa de fados, que inclui guitarradas e a interpretação de uma fadista, enquanto Alberto e um companheiro vão tocando os peitos das suas conquistas, terminando os quatro no mesmo quarto.

Com nudez fácil (muitas das mulheres despem-se prontamente perante um olhar de Alberto), O Espírita passa por thriller erótico, lembrando algo da obra de Jesús Franco. Infelizmente, um ritmo titubeante (algumas cenas estão presentes apenas para marcar passo), um escasso uso de exteriores, uma fotografia de interiores muito pobre, e decididas más interpretações, reduzem uma história interessante, a um filme menor. Vale a coragem de Augusto Fernando em tentar algo novo, apesar de quase não contar com meios para tal.

Review overview

Summary

Thriller erótico envolvendo o sobrenatural, O Espírita é um raro exemplo do terror português, na história de um fotógrafo que usa o seu «dom» para seduzir mulheres. Filmado em interiores, com um elenco fraco, e um ritmo inconstante, o filme é acima de tudo uma oportunidade perdida, tornada curiosidade obscura.

Ratings in depth

  • Argumento
  • Interpretação
  • Produção
  • Realização
1 10 muito mau

Comentários