Cold Hell é um policial rotineiro com uma abordagem inteligente e divertida a certos clichés do género, e que tem no elenco a maior das suas virtudes.
Cold Hell, novo filme do realizador Stefan Ruzowitzky (vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro com Os Falsificadores, há exactamente uma década), foi o grande vencedor da competição de longas-metragens do MOTELX, um festival que prima pela divulgação do cinema clássico e moderno de género (e cada vez menos dedicado apenas ao terror puro – veja-se o facto deste filme ganhar o prémio de “Melhor Longa de Terror” não tendo nada que associemos a ele). É num evento como este que podemos ver como há ainda vida no cinema comercial europeu, e que há ainda queira contar histórias pelo simples prazer de as filmar, com mais ou menos pancadaria inverosímil.
Numa história com o seu quê de clássica (uma mulher testemunha um crime e é perseguida pelo criminoso, que tem o objetivo de a liquidar), Cold Hell movimenta-se entre as características de um thriller de rotina, com algum cérebro e um certo engenho na execução das suas sequências de acção. É aí, e nas interpretações dos seus actores (a protagonista Violetta Schurawlow e Tobias Moretti), que se encontra a sua razão de ser, e o que o pode fazer destacar-se entre milhentas produções semelhantes.
É notória a forma como o filme vai buscar muitos dos clichés dos thrillers de acção que, provavelmente, marcaram a cinefilia do realizador e, de certa maneira, os «desamericaniza» um pouco, dando hipótese a que os actores brilhem por conta própria e que o desenrolar da narrativa tenha algo de europeu que, ao mesmo tempo, não deixa de ser intemporal – porque, como se poderá ver, Cold Hell diz muito sobre a actualidade, falando com simplicidade da re-ascensão do preconceito racial/religioso como ideologia política.
Podemos já não estar na «época de ouro» dos westerns spaghetti ou dos clássicos policiais franceses, como desabafou Ruzowitzky ao apresentar o seu filme no certame, mas a importância dada por Cold Hell ao cinema de género, relembrando os tempos em que «género» não era sinónimo de «universo cinemático» e que há ainda quem queira contar histórias. Não chegando aos calcanhares de nenhum dos títulos incontornáveis em que se inspira, é de louvar a intenção do cineasta em querer fazer um filme divertido e despretensioso, que não se esquece tão depressa.
Review overview
Summary
No meio de sequências de acção executadas com eficácia, Cold Hell tem o seu maior destaque no desempenho dos seus actores e na química entre a dupla de protagonistas.
Ratings in depth
-
Argumento
-
Interpretação
-
Produção
-
Realização