O punk não morreu, e aparentemente o género slasher também não. The Ranger combina os dois num filme de terror que remete para o início da década de 80.
Um dos desafios de um festival de cinema é tentar encontrar, por entre a oferta de títulos, filmes verdadeiramente originais. A maior parte das vezes, perante um filme do qual nada se conhece, mede-se a originalidade do mesmo em função do número de comparações a outros filmes que invoca à memória. Ou se o conseguimos descrever como um cruzamento entre o filme A e o filme B. The Ranger não foge à regra e pode ser descrito como um cruzamento bastardo entre Green Room (Jeremy Saulnier, 2015), Wolf Creek (Greg McLean, 2005) e Sexta-Feira 13 (Friday the 13th, Sean S. Cunningham, 1980).
Algures no princípio da década de oitenta, um grupo de jovens de uma banda punk, e aspirantes a dealers, fogem da polícia com grandes quantidades de droga depois de Garth (Granit Lahu) ter esfaqueado um agente. Apesar da relutância de Chelsea (Chloe Levine), decidem refugiar-se na cabana num bosque onde esta viveu em pequena com o tio Pete (Larry Fessenden), entretanto falecido. O comportamento dos amigos, incluindo Jerk (Jeremy Pope), Abe (Bubba Weiler) e Amanda (Amanda Grace Benitez) atrai a atenção do Ranger do parque (Jeremy Holm) onde se situa a cabana. Inesperadamente, quando o grupo de amigos é alvo de um psicopata que atenta as suas vidas, os amigos procuram a ajuda do Ranger e descobrem factos perturbantes que podem estar relacionados com uma tragédia no passado de Chelsea.
Jenn Wexler é uma conceituada produtora independente que se estreia aqui na realização de um filme de terror com um travo de nostalgia pelos slashers fora de moda na segunda década do século XXI. É de louvar o facto de encontrar um filme deste género realizado por uma mulher, caso raro não só nos créditos dos filmes de terror, como de todos os filmes em geral. Depois da promessa no tom, Wexler cumpre no gore e na violência com que os adolescentes são despachados sem cerimónia.
O problema de The Ranger não se prende com a execução, mas sim com o argumento da autoria da própria realizadora em colaboração com Giaco Furino. A única personagem com caracterização digna desse nome é Chelsea. Os restantes adolescentes não passam de personagens obnóxias, carne para canhão por quem é difícil ter empatia quando são trucidados pelo vilão, provocando na verdade a reação contrária, com a plateia a aplaudir em regozijo o seu sofrimento. Este (discutível) prazer é, no entanto, efémero. A culpa deste magro prazer é da ânsia da narrativa se focar no mistério do passado de Chelsea e do Ranger, suposta carta-na-manga do argumento, mas que acaba por se revelar elemento supérfluo e pouco satisfatório. Ainda assim, não é esquecido o elemento essencial do cinema invocado e Chloe Levine revela estar à altura do epíteto de “Última Rapariga”, não sendo surpreendente que esta atriz se venha a tornar uma cara familiar no futuro.
The Ranger é uma viagem algo nostálgica ao universo dos slashers que se perde um pouco na narrativa, mas que cumpre no capítulo da violência gráfica do género que invoca.
Review overview
Summary
The Ranger é uma viagem algo nostálgica ao universo dos slashers que se perde um pouco na narrativa, mas que cumpre no capítulo da violência gráfica do género que invoca.
Ratings in depth
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Argumento
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Interpretação
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Produção
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Realização