Murphy (Karl Glusman) é um americano a viver em Paris. A namorada francesa, Electra (Aomi Muyock) tem uma visão mais liberal das relações amorosas. Mas quando o casal convida a vizinha para um ménage, e Murphy decide ter um affair com ela nas costas de Electra, tudo muda…
Não cronológico, com uma banda sonora minimalista baseada em Satie, e desenvolvido sobretudo através de improvisação baseada num guião de 7 páginas, Love é o diário de uma relação que não soube sobreviver a si própria. Distribuído em 3D, com cenas de sexo explícito que incluem uma ejaculação para a câmara, o filme pode parecer pornografia pura e dura à primeira vista, mas estamos a falar de Gaspar Noé, e Love é mais sobre uma filosofia pura e dura sobre a natureza da paixão e relações, com retratos pungentes de intimidade (muito mais desconfortáveis do que os normais planos pornográficos, que são mais médicos do que emocionais) e um pessimismo existencial que é tudo menos erótico. Cenas de sexo nunca foram tão bem filmadas (pela lente de Benoit Debie, também responsável por Irreversível e Spring Breakers), mais Rembrandt do que webcam, e são também, estranhamente, os momentos mais românticos do filme.
Noé faz os possíveis e impossíveis para não nos deixar imergir na história (constantes cortes para negro entre mudanças de plano, texto no ecrã, metanarrativa, diálogos pesados, um anti-herói como protagonista e narrador), mas é difícil não nos apaixonarmos por Love. É como que se as suas falhas e defeitos apenas o tornassem mais atractivo. Ame-se ou odeie-se, é difícil ficar indiferente.