Na semana em que estreia Lego Batman: O Filme a Take falou em exclusivo com alguns dos atores portugueses que emprestam as vozes aos heróis e vilões de mais um capítulo do promissor franchise da famosa marca de blocos de construção.
Luís Franco-Bastos é a voz de Joker.
Já era fã de Lego antes de participar nas dobragens de Lego Batman: O Filme?
Sim, especialmente do Lego do Star Wars. Tive a coleção toda dos podracers do Star Wars: Episode I em Lego.
Era um construtor, dando largas à imaginação ou gostava de seguir as instruções à letra?
Eu seguia as instruções à letra. Lembro-me de uma vez um amigo meu começar as desmontar as construções que eu tinha para começar a fazer as construções dele, e eu fiquei altamente ofendido, porque ele estava a desfazer toda a base dos… eu não me lembro exatamente do nome, mas era Rockriders ou uma coisa assim, que era uma civilização que vivia toda debaixo do chão e que escavava túneis, e eram mineiros. E lembro-me que ele começou a desmontar a base para fazer uma coisa da cabeça dele, e eu: “estás parvo? Mas tu tens noção da importância disto? Vês o que é que estás a fazer?” Portanto eu sempre gostei de Lego, mas gostava de ter as construções exatamente como era suposto. Não era tanto um inventor.
Um bocado em oposição à anarquia do Joker…
Exatamente, isso é que é curioso, que acabou por me calhar a personagem mais anárquica e mais caótica possível. Mas o Joker é uma das minhas personagens preferidas de sempre, da banda desenhada, do cinema, do entretenimento. Eu sou… eu não diria fanático, mas um grande, grande fã de banda desenhada, da DC Comics, e da Marvel em particular – também Tintin, e outras coisas – mas essas duas são as principais. E o Joker e o Batman são, provavelmente, as minhas duas personagens de banda desenhada preferidas de sempre, portanto dar por mim de repente a fazer parte dessa dupla e poder encarnar um deles é ótimo. E o Joker é uma personagem muito rica e muito variada. Aliás, a esquizofrenia dele é uma coisa que já vem de trás (a minha também), portanto poder fazer um personagem que num filme, em vez de ter sempre o mesmo registo, tem 10 ou 15 registos diferentes, e que está sempre a mudar, é muito mais divertido e é muito mais estimulante.
Que características do Luís é que o levaram a ser escolhido para o Joker?
Eu penso que terá sido, precisamente, a esquizofrenia. Eu acho que terá sido esse lado esquizofrénico que eu acho que as pessoas reconhecem em mim, por causa da quantidade de vozes que eu vou fazendo, e das personagens que eu encarno, pensaram em mim como alguém que tem, chamemos-lhe, versatilidade, mas eu acho que é mesmo loucura e insanidade suficientes para fazer o Joker e para conseguir protagonizar um Joker em condições.
Se pudesse interpretar o mesmo papel noutra encarnação do Batman que estilo preferia: o colorido da série televisiva dos anos sessenta, o gótico do Tim Burton do final da década de oitenta ou a abordagem mais verosímil do Christopher Nolan do século XXI?
É difícil… eu diria que talvez o dos anos 60 é o que me diz menos. No dos anos 60 gostava mais do Batman do que do Joker – o Batman do Adam West. É difícil, sabes, eu até acho que vou invocar, para além do Joker do Heath Ledger, que é capaz de ser o meu preferido de sempre – embora reconheça que é uma coisa completamente diferente – eu destaco também o Joker da série animada que era feito por Mark Hammil – e ainda é feito pelo Mark Hammil, que é o Luke Skywalker. Destacaria esses, o do Heath Ledger e o do Batman – The Animated Series que, por acaso, ando em vias de sacar isso tudo… hã… comprar… comprar isso tudo (risos) para rever em barda toda a série animada, que era muito boa mesmo.

Mark Hammil que repetiu o papel o ano passado no filme Batman: The Killing Joke.
Exatamente. Aliás, ele fez o Joker em outros filmes de animação que têm sido feitos, porque a DC Comics tem apostado muito em filmes de animação, mesmo diretamente para cinema e para BluRay, e eu tenho papado todos, digamos assim. Quando saiu o Suicide Squad eu já tinha visto a versão animada, portanto já não foi surpresa.
Mesmo nesta reinterpretação da personagem pelo prisma da Lego o Batman é uma figura trágica e solitária. Lego Batman: O Filme acaba por ser sobre a sua descoberta de que precisa de se rodear de amigos. Como é que esta viagem emocional informou a sua abordagem ao Joker?
Claro que afetou e nós trabalhamos ao sabor daquilo que o filme nos vai dando. E isso foi das coisas que eu gostei mais neste filme. Para já destaco, para além daquilo que é mais óbvio, e que é incrível, que é a qualidade das animações, o guião. Porque este guião está muito bem escrito. Tem momentos de diálogo geniais, e gostei imenso de ter reparado que… o duelo entre Batman e Joker é uma coisa que já foi retratada de mil e uma maneiras, em mil e um formatos diferentes, e eu acho que este filme, apesar de chegarmos a 2017 e acharmos que já tudo foi inventado, eu acho que ainda assim conseguiram trazer um ângulo realmente novo para este duelo, e acho que isso é uma das coisas que vai estimular, não só as crianças e os fãs mais novos de Lego, mas os fãs de Batman mais old school porque de facto há aqui um duelo Batman/Joker como nunca se viu.
Há liberdade criativa para levar as vocalizações para outras soluções diferentes das originais?
Não é uma liberdade gigantesca porque estamos presos aos tempos e ao tempo que temos para encaixar a fala na boca, mas existe um pouco de liberdade. Aliás, eu acho que existe a liberdade que deve existir e a liberdade certa. Neste filme fomos dirigidos pela Cláudia Cadima, que fez um ótimo trabalho, e a Cláudia teve essa abertura de perceber que por vezes há pequenos improvisos – eu não posso falar pelos outros atores porque nós gravamos individualmente – mas pelo menos no meu caso eu acho que a Cláudia percebeu que eu tinha uma relação próxima com a personagem e que eu conhecia bem a esquizofrenia do Joker como fã, e também tenho aquele lado de humorista e de ter alguma capacidade de improviso, que se calhar advém daí, e então deu liberdade para haver determinados momentos, e pequenas coisas que eu fiz ligeiramente diferentes do que, se calhar, seria de esperar, mas que acreditamos que vão resultar.
Além de ser altamente satisfatório para qualquer fã de Lego, Lego Batman: O Filme está recheado de referências ao universo da banda desenhada da DC Comics. Quais os motivos de atração do filme para quem não é muito conhecedor de nenhum destes universos?
Para já, acho que nem toda a gente é entendedor de banda desenhada, mas toda a gente tem familiaridade com Legos. Toda a gente, acho que é impossível não ter. Portanto só o facto de teres uma animação gigante e todo um mundo criado em Lego já é muito apelativo para toda a gente. Depois o facto de as animações estarem tão boas e de tu, ao fim de um minuto de filme, já nem estares a pensar no facto de as personagens serem Legos e de já encarares aquilo como personagens de carne e osso – às tantas esqueces-te. E depois, a somar a isso, acho que o guião do filme, volto a destacar… acho que o filme está muito bem escrito, a história está muito bem pensada, tem ótimos diálogos e é um filme muito engraçado, com piadas e com humor, não só para crianças, mas também para os pais.
LEGO Batman: O Filme – Estreia a 16 Fevereiro
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