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[Kino 2018] A Ordem Divina

de Petra Biondina Volpe

bom

Se hoje o sufrágio universal parece ser fruto do bom senso, até 1971, na Suíça, ele não era ainda aberto às mulheres. É disso que nos fala, com algum humor, o filme de Petra Biondina Volpe.

 

Pelas mãos da realizadora e argumentista Petra Biondina Volpe chega-nos A Ordem Divina (Die göttliche Ordnung, 2017), um filme suíço que nos leva até 1971, e à luta feminista em vésperas do referendo que iria dar pela primeira vez o direito de voto para as mulheres.

Talvez um pouco anacrónico e demasiado optimista sobre o que poderá ter sido a realidade de uma aldeia suíça, A Ordem Divina centra-se na luta de Nora (Marie Leuenberger), uma pacata dona de casa e mãe de dois filhos, quando alguns acontecimentos – a vontade de voltar a trabalhar, o comportamento rebelde da sobrinha, o exemplo da amiga idosa Vroni (Sibylle Brunner) – a alertam para o facto de as mulheres dependerem legalmente dos maridos para tudo. Quase sem querer, e de modo muitas vezes divertido, Nora vai liderar um grupo de mulheres onde se incluem a citada Vroni, a sua relutante familiar Theresa (Rachel Braunschweig) e a mais progressista imigrante italiana Graziella (Marta Zoffoli), na tentativa de consciencializar toda a gente para a utilidade do voto feminino.

Obviamente, tal é mal recebido, tanto pelos homens que primeiro se chocam, e depois zombam dos maridos “frouxos” que permitem tal afoiteza, como pelas mulheres, que primeiro reagem com desprezo, para depois se deixarem contagiar por curiosidade e simpatia. Todas as transformações são plenas de comicidade, da descoberta da revolução sexual à partilha dos trabalhos domésticos, e é essa boa disposição que marca a atmosfera, numa espécie de crónica anedótica e provinciana de algo que por todo o mundo era um movimento revolucionário (como a sequência inicial de imagens de arquivo nos testemunha).

Sem aspirar a documentar de forma fidedigna uma situação política importante na luta feminista, e cedendo a alguns excessos cómicos aqui e ali, Petra Volpe consegue, pela ridicularização dos seus personagens, lançar um alerta para o facto de que algo que hoje parece um dado adquirido, não foi assim tão fácil de obter. Afinal, apenas em 1991 o último cantão suíço concedeu direito de voto às mulheres. Se isso não merece ser ridicularizado, o que então merecerá?

Review overview

Summary

Crónica anedótica e bem disposta da luta feminista na Suíça dos anos 70 pelo direito ao voto das mulheres, num filme simples e divertido sobre o que poderá ter sido tal luta numa aldeia de província.

Ratings in depth

  • Argumento
  • Interpretação
  • Produção
  • Realização
3 10 bom

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