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Ibiza

de Arnaud Lemort

bom

Como se portou a nova comédia francesa?

 

Desde a estreia memorável da Gaiola Dourada, todos os anos os cinemas portugueses acolhem, pelo menos, uma comédia francesa. Tenho visto todas, face ao fascínio que tenho pelo ator Christian Clavier (Astérix).  A verdade é que, com uma presença em ecrã fabulosa, quer em linguagem corporal, assim como a um tom de voz capaz de tornar qualquer diálogo cómico, Ibiza chegou aos cinemas com a premissa de ser o filme de verão. Será que acertou?

Ibiza (2019)

Com uma banda sonora ligeira e que nos coloca logo a idealizar umas férias “à grande e à francesa”, a trama acompanha as personagens Philippe e Carole (Mathilde Seigner) que tentam reerguer as suas vidas num segundo casamento. Com algumas peripécias engraçadas a acontecer na vida das personagens, estas acabam por tentar que os filhos de Carole consigam ultrapassar da melhor maneira a nova relação da mãe. Sendo Philippe sensivelmente mais velho que Carole e o pai do casal de adolescentes, é notória a forma como o argumento faz, e de forma natural, um paralelismo com a vida corrente e como pode ser difícil o reerguer da vida amorosa. Especialmente quando julgamentos ou opiniões públicas podem entrar no caminho… As personagens acabam assim por ir para Ibiza, destino escolhido por Julian (Leopold Buchsbaum), filho de Carole, após ter passado aos exames. O que a sua mãe e Philippe não sabem, é que este quer na verdade encontrar uma colega de turma pela quase se apaixonou antes de mudar de cidade.

A viagem acontece com bastantes peripécias e centrada na tenra relação dos protagonistas, aliado ao desafio de se tentarem divertir como os adolescentes e a própria cidade. A filha de Carole, e irmã de Julian, Manon (Pili Groyne), vê-se também na idade de descobrir as relações com os outros, o que lhe permite ser quase como que uma âncora entre a família monoparental e Philippe, que tenta a todo o custo tornar-se digno aos olhos dos jovens e cativá-las a aceitar a nova relação da mãe.

Ibiza (2019)

Se a comédia no início do filme parece como que forçada, aquela que ocorre em Ibiza consegue ser engraçada, não chegando, contudo, àquela de filmes com Christian Clavier, como “De Braços Abertos” (2017), “O Que Eu Fiz Para Merecer Isto?” (2014) e “Que Mal Fiz Eu a Deus?” (2014). A grande ação ocorre no final do segundo ato e terceiro, com a família já toda unida, prontos a encontrar a rapariga por quem Julian se tinha apaixonado. O encontro não acontece pelo melhor, o que leva à melhor cena de risos de toda a longa-metragem, tendo sido bem realizada, convincente, e facilmente transposta para os dias correntes.

Julian acaba por receber de Philippe os conselhos e sabedoria, dando uma nova oportunidade para que o seu coração se recupera e os seus laços, por fim, se restabeleçam. Para um filme cómico, a forma como lida com o drama é bastante substancial, dando mais complexidade às personagens e lugar para que este seja, não o filme de comédia do ano, mas, talvez, o filme familiar do ano. O trabalho feito pelo elenco juvenil é de louvar, conseguindo o espetador perceber a complexidade das novas formas de adolescência e das redes sociais, assim como isto influência uma mãe que, para além de querer exercer bem o seu papel, tenta uma nova oportunidade no amor. Esta é bem-sucedida, o que leva a que o espetador saia com um sorriso na cara no final da sessão.

Ibiza (2019)

 

 

Review overview

Summary

A comédia francesa do ano é facilmente convertida em filme familiar do ano. Com um foque grande nas relações interpessoais, este é um filme que agradará toda a família.

Ratings in depth

  • Argumento
  • Interpretação
  • Produção
  • Realização
3 10 bom

Comentários