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[Fight Club] Batman Regressa Vs. O Cavaleiro das Trevas [Ronda 2]

Hélder Almeida defende O Cavaleiro das Trevas

Fight Club é uma rubrica onde comparamos dois filmes, sejam da mesma franchise, do mesmo género ou qualquer outra ligação mais ao menos ténue. Podem ser sequelas, remakes, filmes parecidos, com a mesma temática, actor ou realizador. Cada filme terá o seu defensor, explicando porque um é melhor que o outro. Não se trata de insultar ou denegrir gratuitamente, antes pelo contrário. Trata-se de dar a conhecer diferentes pontos de vista, sejam eles mais ou menos populares, e estimular o exercício analítico na defesa de gostos muito pessoais. Ao fim e ao cabo o gosto é subjetivo e o lixo de um é o tesouro de outro. Concorde-se ou não com as opiniões, existirão com certeza argumentos inspirados e defesas apaixonadas. E no final, independentemente de quem perder o combate, ganhamos todos.

Nesta edição, e na semana em que estreou LEGO Batman: O Filme, colocamos em confronto duas sequelas de diferentes entradas da saga desse que é um dos mais célebres heróis da BD: Batman Regressa vs. O Cavaleiro das Trevas. Ambos os filmes marcaram a consolidação de dois autores muito particulares – Tim Burton e Christopher Nolan – a trabalhar com o poder que o sucesso dos primeiros filmes lhes havia concedido. João Paulo Costa argumenta a favor de Batman Regressa na Ronda 1, enquanto que Hélder Almeida avança com a defesa de O Cavaleiro das Trevas na Ronda 2.

 

Depois de 8 anos fora das salas de cinema, Batman regressa em grande forma pelas mãos de Christopher Nolan, realizador britânico que acabava de sair de dois sucessos de crítica, o fabuloso Momento e o muito esquecido thriller Insomnia. Nolan pega então na personagem da DC e esquece tudo o que havia sido feito até então, o mundo gótico e negro de Gotham pelas mãos engenhosas de Tim Burton e a versão circense e demasiado colorida (e desastrosa) de Joel Schumacher. Cria então um reboot cinematográfico (dando assim início a esta nova moda em Hollywood), bastante inspirado em Batman: Ano Um, a graphic novel escrita por Frank Miller e publicada em 1986. E assim nasceu Batman – O Início, a primeira parte de uma trilogia, sempre realizada por Nolan, com Christian Bale como o Homem-Morcego. O filme foi um sucesso comercial e crítico, abrindo as portas à mais que inevitável sequela, O Cavaleiro das Trevas, filme que tenho como missão defender nesta edição do Fight Club.

Sem querer tirar de forma alguma o mérito ao trabalho que Tim Burton fez com Batman, especialmente com Batman Regressa (admito que é uma sequela superior ao primeiro filme e um dos melhores filmes de super-heróis de sempre), O Cavaleiro das Trevas deixa de lado o lado fantasioso deste tipo de fillmes (tal como O Início fez) e assume-se mais como um filme de crime urbano do que filme de super-heróis. Nolan inspira-se bastante no clássico policial de Michael Mann, Heat – Cidade sob Pressão, para criar uma Gotham mais realista, violenta e onde a corrupção e o crime organizado são reis. O vilão de serviço é o mítico Joker, interpretado por Heath Ledger, que faleceu meses após as filmagens.

Além de criar um thriller urbano, pegando em muitas das principais caracteristicas da personagens nos comics, Nolan dá ainda um toque de tragédia grega, através da personagem de Harvey Dent, o futuro Two Face, um dos maiores vilões de Batman. O Cavaleiro das Trevas torna-se então uma obra trágica, onde consegue trocar os excelentes momentos de acção pelo desenvolvimento das suas personagens e da sua trama, num dos mais complexos e completos filmes de super-heróis de sempre, exactamente porque não se deixa levar pelas regras deste género de filmes.

Batman Regressa é um excelente filme, com um elenco em grande forma e com o habitual toque de Tim Burton nos seus tempos aúreos. E sim, é um excelente conto do Homem-Morcego e uma grande sequela. No entanto, O Cavaleiro das Trevas consegue ser uma sequela completamente diferente do seu antecessor, apesar de manter as mesmas linhas narrativas, criando um intenso jogo de suspense no seu terceiro acto, conseguindo ser sempre surpreendente, mesmo que leve esse jogo um pouco longe demais. Ainda se acrescenta o facto de termos um vilão de peso, com um trabalho fenomenal de Ledger, e um Aaron Eckhart, como Dent, que também merece o seu devido reconhecimento.

O Cavaleiro das Trevas torna-se num dos raros filmes “de super-heróis” que consegue fugir às regras, evitar muitos dos clichés do género e ser ainda bastante fiel ao espírito da personagem e do mundo, num complexo jogo de personagens trágicas. Mesmo com as imensas qualidades de Batman Regressa, esta sequela de Nolan, neste lado do ringue, é o verdadeiro vencedor.

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