Temáticas femininas e cinema de autor estão entre os destaques do FESTin.
O Festival de Cinema Itinerante da Língua Portuguesa (FESTin) avança para a sua 8ª edição e vai decorrer entre 1 e 8 de março no cinema São Jorge e no Instituto Cervantes.
Num ano em que alguns dos seus eventos estão inseridos na programação da Lisboa Capital Ibero-Americana de 2017 e que encerra, justamente, no Dia Internacional da Mulher, as temáticas femininas estarão presentes tanto na programação cinematográfica quanto nos eventos paralelos. Estas aproveitam a rubrica do evento ibero-americano – Passado e Presente – para relaciona-lo as atividades que analisam o papel feminino no audiovisual.
Mariana Ximenes, Pedro Cardoso e a Competição
Ambos estarão em Lisboa para apresentar as sessões dos seus filmes e são dois dos principais convidados do festival. Ximenes que, além do seu trabalho televisivo, usa o seu prestígio para produzir e divulgar obras de cinema alternativo no Brasil, entra em dois projetos da competição: “Quase Memória”, protagonizado por Tony Ramos e um trabalho semi-autobiográfico de ícone do Cinema Novo, Ruy Guerra, e “Prova de Coragem”, onde atua em obra de Roberto Gervitz ao lado de Armando Babaioff. Já Pedro Cardoso tem participação em “BR 716”, de outro grande cineasta, Domingos de Oliveira – em obra protagonizada por Caio Blat.
O cinema brasileiro, pelo volume da produção, acaba por ser dominante em termos de quantidade – com a competição do FESTin funcionando como a melhor vitrine em Portugal para filmes do país. De um dos mais emblemáticos polos de produção de cinema do século XXI, Pernambuco, chegam o último trabalho de um dos seus grandes nomes, Cláudio Assis e o seu “Big Jato”, e novato Tião com o provocador “Animal Político”. Destaque ainda para “Comeback”, uma melancólica abordagem da terceira idade através da velhice de um ex-pistoleiro, e “Para ter onde Ir”, um belo road movie pelas paisagens amazónicas do Pará.
Do lado português há a estreia promissora de José Pedro Lopes com “A Floresta das Almas Perdidas”, particularmente num gênero pouco comum, o terror, e o terceiro trabalho de Sérgio Graciano, “Uma Vida à Espera”, distinguindo o seu trabalho na televisão com uma obra de forte traço autoral.
Abertura e Encerramento
Um dos mais belos filmes da programação do FESTin, “O Outro Lado do Paraíso” abre o festival com um drama social de contornos mais clássicos, narrando a história de uma família pobre que luta para se estabelecer numa Brasília em plena construção – no início dos anos 60.
Já “Elis”, um dos grandes sucessos do cinema brasileiro de 2016, é uma prenda para o Dia Internacional da Mulher, narrando a trajetória de um dos maiores ícones da Música Popular Brasileira (MPB), Elis Regina. A atriz Andreia Horta, que interpreta a cantora, foi uma das grandes revelações do cinema brasileiro do ano passado e virá a Lisboa para a sessão de encerramento.
Lisboa Capital Ibero-Americana da Cultura
O FESTin foi um dos eventos culturais selecionados para fazer para da Lisboa Capital Ibero-Americana da Cultura e aproveitou para acentuá-la no feminino. Entre as diversas atividades no cinema São Jorge, estão previstas debates, mesas redondas, masterclasses e pelo menos três programações especiais de filmes.
Fazendo a devida ligação com as Américas, o festival vai exibir títulos da cinematografia latino-americana, para além de uma mostra especial, a realizar-se principalmente no Instituto Cervantes, de filmes de Titón (alcunha de Tomás Gutiérrez Alea), um dos mais prestigiados realizadores cubanos falecido em 1996. A sua viúva e protagonista de algum dos seus filmes, Mirta Ibarra, estará presente. A atriz foi responsável pelo documentário “Titón – de Habana a Guantanamera”, que também será exibido.
O papel feminino na história do audiovisual português é igualmente observado na mostra de alguns trabalhos da realizadora Margarida Gil. Nascida na Covilhã e com uma extensa carreira no cinema e na televisão, a cineasta terá exibido no São Jorge os seus filmes mais emblemáticos – caso de “Rosa Negra” (1992), que fez parte da competição no Festival de Locarno, “O Anjo da Guarda” (1998), “Adriana” (2004), “O Fantasma de Novais” (2012) e “Paixão” (2012).
Temáticas lusófonas
No universo da lusofonia um dos destaques será a produção de Timor-Leste “Avô Crocodilo” – um documentário editado especialmente para o FESTin. O filme, com destaque para a bela fotografia, narra episódios de resistência à invasão indonésia.
Por seu lado “Deolinda” aborda um dos mitos da história angolana – uma enfermeira que largou uma vida estável para lutar pela liberdade do seu país.
Documentários
Entre os seis documentários em competição, o destaque é “Curumim”, filme que causou forte impacte no Festival de Berlim do ano passado ao contar a história do brasileiro condenado à pena de morte por tráfico de drogas na Indonésia. Obtendo imagens filmados no seu longo cativeiro pelo próprio biografado, Marcos Prado construiu um filme intenso.
Nesta seção também destaque para “Todos”, obra que personifica a vocação social do festival ao trazer um trabalho que permite ser apreciado por uma audiência de deficientes auditivos e visuais.
Festinha
As sessões para os mais novos vão ter esse ano a novidade da competição – incluindo um júri adulto e outro composto por crianças, que atribuirão uma Menção Honrosa a um dos oito filmes selecionados.
Bilheteira
Os bilhetes para o festival estarão à venda na bilheteira do Cinema São Jorge a partir de segunda-feira, dia 13 de Fevereiro, e têm um custo de 3,00€ (bilhete normal); 2,50€ (bilhete com desconto – até 25 anos e maiores de 65 anos:); 1,50€ (estudantes e grupos de mais de 10 pessoas/por pessoa); 1,50€ (Mostra de Documentários/por sessão); Sessões Festinha: 2€ (adultos) e 1€ (crianças até 12 anos).
O FESTin é organizado pela ASCULP – Associação Cultura e Cidadania da Língua Portuguesa, em coprodução com o Cinema São Jorge e parceria estratégica com a EGEAC – Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural, E.E.M. e conta com o apoio financeiro da CML – Câmara Municipal de Lisboa (CML).
Informação fornecida por: FESTin
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