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[Festa do Cinema Italiano 2018] Nome di donna

de Marco Tullio Giordana

mau

Marco Tullio Giordana, o realizador de A Melhor Juventude, está de volta com um olhar sobre o assédio sexual e o silêncio em sua volta.

 

Marco Tullio Giordana é um nome sobejamente conhecido do cinema italiano recente, sobretudo depois do grande sucesso do seu filme – e mini-série televisiva – A Melhor Juventude (La meglio gioventù, 2003), que lhe valeu o elogio internacional, e o reputou pelo olhar sereno, mas incisivo, com que, com sensibilidade histórica, retratou as realidades do seu país, geração e meio sócio-cultural.

É nessa perspectiva de olhar social para problemas do quotidiano que Giordana, agora com 68 anos, nos traz Nome di donna (2018), um filme que se centra sobre o tema quente do assédio sexual no meio laboral, baseado numa história real, adaptada e modificada q.b. pela jornalista e argumentista Cristiana Mainardi.

Afastando-se da polémica #metoo e do mediatismo em torno de estrelas, Giordana insiste que este problema advém de relações de poder (mais que de género), e conta-nos a história de Nina (Cristiana Capotondi), mãe solteira e empregada numa luxuosa mansão que serve de casa de repouso para a terceira idade, gerida pela Igreja. Logo à chegada, Nina descobre que nem tudo o que o emprego lhe dá, vale a pena, quando o director Marco Maria Torri (Valerio Binasco) lhe mostra que a forma de ter uma vida tranquila no emprego, e ver benefícios acumularem-se, é ceder aos seus avanços sexuais.

Como se dirá diversas vezes no filme, Torri não força ninguém, não castiga ninguém, apenas sugere e oferece. Submete-se-lhe quem quer, e aparentemente isso inclui quase todas as mulheres, cúmplices mudas de uma situação que preferem fingir ignorar, e onde a relutância de Nina é vista como incómodo – pelas colegas, por Torri, e mesmo pelo responsável máximo pela instituição, o padre Don Ferrari (Bebo Storti).

Contada com a elegância natural de Giordana, a história tem o mérito de mostrar algumas ambiguidades, que vão do comportamento discreto de Torri à cumplicidade feminina, sem dramatismos excessivos, nem situações de faca e alguidar. Por outro lado, o tema parece esgotar-se após o primeiro acto, e passamos a ter um processo que decorre a meio gás, sem outro interesse que não seja vermos finalmente a punição dos ímpios. Pelo meio ficam as alfinetadas ao silêncio (e à Igreja), e o elogio da coragem de falar. Num filme que, apesar se dizer não militante, de certa faz desse militantismo o seu ponto de interesse. Note-se o pessimismo do seu último plano.

Review overview

Summary

Uma espécie de “um caso de vida”, Nome di donna pretende ser um documento sobre uma situação que agora se mediatiza. É uma história bem contada, mas que não chega a ser mais que isso.

Ratings in depth

  • Argumento
  • Interpretação
  • Produção
  • Realização
2 10 mau

Comentários