De novo adaptando um argumento da sua esposa Margaret Mazzantini, o mais recente filme de Sergio Castellitto fala-nos dos problemas de uma mãe divorciada na classe baixa da Génova actual.
A sexta longa-metragem do actor e realizador Sergio Castellitto é novamente uma colaboração com a esposa Margaret Mazzantini, romancista e argumentista cujas palavras estão na base de todos os filmes do realizador.
Depois de Nessuno se salva da solo (2015), que passou em Portugal, apenas na Festa do Cinema Italiano, o realizador dá-nos Fortunata (2017), assente na personagem de Jasmine Trinca (também protagonista do filme anterior), aqui no papel de uma mãe recentemente divorciada, com mais contas por pagar, sonhos por concluir e gente que dela depende, do que a sua condição financeira, social ou psicológica lhe permite enfrentar.
Lutando para um dia abrir um salão de beleza, com o parceiro e tatuador Chicano (Alessandro Borghi), o qual vive uma depressão e dependência de drogas, além de tomar conta de uma mãe com Alzheimer (Hanna Schygulla), a cabeleireira ao domicílio Fortunata tem a filha Barbara (Nicole Centanni) a viver o conflito do divórcio, e um ex-marido abusivo (Edoardo Pesce) apostado a tornar-lhe a vida num inferno. Tais desequilíbrios levam a que a escola obrigue Barbara a visitas a um psicólogo, na pessoa de Fabrizio (Stefano Accorsi), que se irá interessar imediatamente pela mãe da sua paciente.
Com o intuito de nos dar uma tocante história de vida de gente «desafortunada» de classes baixas da periferia de Génova, com passados difíceis, e rumos transviados, Fortunata não consegue deixar de cair numa lógica de novela, onde tudo o que acontece nos romances, tem de acontecer no espaço dos 103 minutos do filme – abusos verbais, psicológicos e sexuais, ameaças de tribunal, mortes, tentativas de suicídio, amores instantâneos, conflitos de diferença social, traições e claro, uma menina que tem comportamento mais lógico que os adultos, para além de uma piscadela de olho ao racismo, e uma estranha presença de agiotagem chinesa. Tudo isto realçando a cada momento o corpo de Jasmine Trinca, filmado quase como quem vende sabonetes.
Mesmo assim, o melhor do filme é mesmo Jasmine Trinca, não pelo seu corpo, mas por mostrar, em mais uma interpretação de força e carisma, ser um nome a ter em conta. Mas para além de uma história de uma mulher de força num ambiente que lhe parece sempre contrário, pouco mais em Fortunata permanece connosco depois de o filme terminar.
Review overview
Summary
A história de uma mãe divorciada que luta contra tudo e todos, num clima que lhe é sempre hostil, como em qualquer novela daquelas que nos parecem sempre iguais.
Ratings in depth
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Argumento
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Interpretação
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Produção
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Realização