Na senda de Hemingway e Melville, A Pele do Urso é um retrato de uma Itália profunda, vista através das preocupações existenciais de uma população remota.
Estreia na ficção de Marco Segato, A Pele do Urso/La Pelle Dell’Orso (2016), escrito a partir do livro homónimo de Matteo Righetto, é um retrato de uma Itália profunda (Val di Zoldo, nos Dolomitas, a norte de Veneza), pintada com tons de uma rudez remota, e quase primordial, evocativa do realismo de algum cinema antigo, como por exemplo o dos irmãos Taviani.
Na história da busca e caça de um urso que atormenta uma região rural, matando as ovelhas, descobrimos a história de um pai, Pietro Sieff (Marco Paolini), e de um filho, Domenico (Leonardo Mason), habituados a não conversarem, e quase desconhecidos um para o outro, numa terra onde o existencialismo primário fala mais alto que a partilha de sentimentos.
Com um minimalismo de eventos e principalmente de palavras, filmado de modo a deixar a floresta e os movimentos contar a história, há muito em A Pele do Urso que lembra Hemingway ou Melville, pela forma como a relação entre o homem e a natureza transforma uma busca épica em algo quase religioso, virado para o interior dos personagens, que assim, pelos actos quase suicidas, têm de mostrar o seu valor, revelando-nos mais do que poderiam por palavras.
Com essa atmosfera de fábula, de certo modo onírica, A Pele do Urso é praticamente uma parábola do valor da vida, da morte, e das relações humanas, onde floresta, caçada, e oponente animal representam mais do que à primeira vista transparece.
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Summary
Retrato existencialista de uma Itália profunda da região dos Dolomitas, A Pele do Urso bebe em Hemingway e Melville, no eterno confronto entre o homem e a natureza, como forma de nos dar a conhecer, em tons minimalistas, a rudeza das relações humanas.
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Argumento
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Interpretação
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Produção
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Realização