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Exterminador Implacável: Destino Sombrio

de Tim Miller

mediano

Depois de brilhar em Deadpool, Tim Miller ressuscita a saga Exterminador Implacável, com uma viagem nostálgica, onde se mostra que o cinema é um país que ainda é para velhos.

 

A marca Exterminador Implacável é uma das mais famosas sagas de cinema de ficção científica de acção das últimas décadas, mercê do cunho impresso por um James Cameron em fase de afirmação, e do carisma de Arnold Schwarzenegger, então em franca ascensão em Hollywood, onde, mesmo com as suas limitações como actor, conseguiu uma presença eficaz e perfeitamente ajustada aos personagens inesquecíveis que foi compondo.

Depois de dois filmes quase irmãos (1984 e 1991), ambos assinados por Cameron, e de dois outros que tentaram a continuidade da série com cenários e actores diferentes (2003 e 2009), mas sem um terço do sucesso ou prestígio dos originais, chegou-se em 2015 à era da nostalgia, aquela que hoje muito vende, e que se preocupa mais em lançar-nos em viagens ao passado (metáfora de duplo sentido neste contexto), do que em estimular-nos com ideias originais. O resultado, Exterminator: Genisys, mesmo recuperando a presença do próprio Schwarzenegger, foi um rotundo fracasso, provando que a nostalgia é importante no cinema actual, mas não é ingrediente suficiente.

E eis que chega 2019, e é feita uma segunda tentativa de vender essa mesma nostalgia. Surpresa, desta feita funcionou! Porquê? Vamos tentar perceber.

Em primeiro lugar, tentou-se simplificar o universo, e em vez de lidar com todas as consequências dos filmes anteriores, que torciam e retorciam linhas temporais, fez-se tábua rasa de quase tudo, colocando este Exterminador Implacável: Destino Sombrio como sequela directa do segundo tomo da saga: Exterminador Implacável 2: O Dia do Julgamento (1991). Em segundo lugar, optou-se por trilhar caminhos já percorridos, mesmo que isso cheire a remake – estão a ver o que o episódio VII de Star Wars fez com a saga?

Sem capacidade de trazer novas ideias ou capturar novos fãs e imaginários – e talvez nem o procure – Exterminador Implacável: Destino Sombrio pisca o olho ao público que vibrou com os primeiros dois filmes, e remete-nos desde logo para terrenos conhecidos. Temos, nos momentos iniciais, soldados sobre-humanos que chegam do nada (do futuro) nus como vieram ao mundo (biológica ou tecnologicamente), um para matar alguém, outro para salvar esse alguém. Temos uma (messiânica) vítima completamente inocente do que se passa, e do papel que desempenhará no futuro da humanidade. Temos, obviamente um soldado futurista “mau” que é o mais avançado dos dois, e lembra-nos imenso o exterminador do citado segundo filme. E temos um soldado bom, com uma relação muito pessoal com quem vem salvar, o que nos remete para o primeiro filme.

Mas ter apenas uma sequela em forma de remake dissimulado não seria suficiente, e após uma introdução em que todos os elementos são bem explanados – com muita acção e não menos CGI –, saltamos nós para o passado, primeiro com a chegada da Sarah Connor de Linda Hamilton, e mais tarde com a aparição de um outro cyborg-Schwarzenegger. E quem pensa que esta saga não é para velhos, desengane-se. É da química trazida por estes dois veteranos, plena de referências ao nosso imaginário da saga, que o filme ganha vida, isto não desfazendo na boa prestação de Mackenzie Davis, que incute sangue fresco à série.

Em suma, sem histórias novas para contar, confiando no poder da nostalgia, narrativas conhecidas e na química dos “velhos”, Exterminador Implacável: Destino Sombrio é uma viagem eficaz, que peca por cenas de acção filmadas naquela frenética mudança de plano a cada terço de segundo que nos faz perder qualquer referência espacial que nos pudesse fazer apreciar o momento.

Não é um filme que nos faça renovar o gosto pela saga, muito menos que traga novos fãs. Mas é um envelhecimento sereno, com respeito pela terceira idade, que resgata das cirurgias desnecessárias, operadas no volume anterior. Ou seja, fazendo mais pela saga que os últimos três filmes fizeram, assim dando razão a quem deles fez tábua rasa.

Review overview

Summary

Na era da nostalgia, Exterminador Implacável: Destino Sombrio é um remake dissimulado dos dois primeiros filmes da saga, vivendo de apelos ao nosso imaginário, e da química entre Hamilton e Schwarzenegger, mostrando que fazer tábua rasa dos últimos três filmes, talvez não tenha sido má ideia.

Ratings in depth

  • Argumento
  • Interpretação
  • Produção
  • Realização
2.5 10 mediano

Comentários