Nos primórdios, todos observam o teu prazer
A Sétima Arte mal tinha dado os seus primeiros passos, e já a representação do desejo carnal humano instigava o imaginário dos espectadores nos finais do Século XIX. Vejamos The Kiss (1896, William Heise): vinte singelos segundos de metragem que, na visão de um homem, mais atrevido do que perverso, a roubar um ou outro beijo fugidio à sua companheira de timidez q.b., conseguiu encerrar, ao longo de décadas, inúmeras reflexões sobre o seu conteúdo erótico e originou a primeira manifestação de censura em Cinema.
O sexo motiva, provoca, vende. Pois desde cedo, a jovem indústria – com nomes como Thomas Edison ou George Méliès na dianteira – compreendeu o potencial económico de imprimir em nitrato a sexualidade humana e, imediatamente, transpô-la para o observador de imagens em movimento. De teor absolutamente inocente para o espectador contemporâneo, obras como Aprés le bal (1897) ou Le Coucher de la Mariée (1899), ambas realizadas por Méliès, prenunciam a forma como o Cinema, durante mais de um século, se materializaria em sinónimo de voyeurismo e paixão que não se pretende reprimida. (…)
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