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Cuidar dos Vivos

de Katell Quillévéré

mediano

Em jeito de «caso de vida», Cuidar dos Vivos ilude-nos com a promessa de uma complexa teia de histórias emocionais, que não resultam em mais que um relato desinspirado de um transplante cardíaco.

 

Estreado no Festival de Veneza do ano passado, chega-nos agora, baseado no romance de Maylis De Kerangal, o filme Cuidar dos Vivos/Réparer les vivants, a terceira longa-metragem da realizadora e escritora Katell Quillévéré.

Tomando o título como mote para a interpretação da história, é-nos dado a entender que as autoras nos estão a tentar dizer que há males que vêm por bem, ou, se não quisermos ser tão cínicos, que até da desgraça se pode tirar alguma vantagem. O «mal» é a morte por acidente de um adolescente (Gabin Verdet), e o «bem» é a possibilidade de se usar o seu coração num transplante para salvar uma mãe de dois fillhos (Anne Dorval).

Dividido em duas partes, onde o único ponto comum é um dos médicos que acompanha o processo (Tahar Rahim), Cuidar dos Vivos aposta num distanciamento frio, que parecerá no papel uma boa opção, dado o tema delicado e facilmente manipulável. Só que, depois, esse distanciamento como que toma conta do filme, e este nunca passa de um relato asséptico de procedimentos. Começamos por ver o acidente, o contactar dos pais da vítima (Emmanuelle Seigner e Kool Shen), e a decisão de aceitar a doação de órgãos, e, na segunda parte, conhecemos a receptora numa conversa com os filhos, e vemo-la ser preparada para a operação.

Tirando isso, tudo o que fica são procedimentos, e pontas soltas (como a história da enfermeira interpretada por Monia Chokri, os filhos da receptora, a namorada do dador) que não levam a lado nenhum que não seja a promessa de uma sofisticação que não se concretiza. O resultado é uma espécie de «caso de vida» que parece inspirado num documentário, e que não chega a ser uma coisa nem outra, numa tentativa frustrada de criar um objecto de uma elaborada estrutura narrativa que se fica pelas intenções, e por uma bonita fotografia.

Review overview

Summary

Tal como a história que conta, também Cuidar dos Vivos parece precisar de um coração, não passando de um caso de vida em jeito de relato asséptico de uma história de um transplante, tentando e mão interligar histórias e momentos que nunca ganham vida própria.

Ratings in depth

  • Argumento
  • Interpretação
  • Produção
  • Realização
2.5 10 mediano

Comentários