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CÓRTEX 2017 | Entrevista a José Chaíça

José Chaíça - Córtex

O Córtex – Festival de Curtas-Metragens de Sintra regressa, de 16 e 19 de Fevereiro de 2017, ao Centro Olga Cadaval em Sintra. José Chaíça, director do festival, dá-nos algumas respostas sobre o que será a 7.ª edição do festival.

 

 

O que nos traz de novo o CÓRTEX deste ano?
Todos os anos tentamos acrescentar algo novo à programação do Festival Córtex. Esta edição, pela primeira vez iremos dedicar a sessão de abertura a uma realizadora. O Córtex este ano abre no feminino, com as primeiras obras realizadas por Jane Campion. O Mini Córtex também irá ter uma sessão extra, perfazendo um total de quatro sessões só para as escolas do concelho de Sintra, devido ao elevado numero de procura por parte das instituições escolares. Dá-nos um sentimento de gratidão enorme ver as sessões do Mini Córtex esgotadas ao providenciar cinema a estas crianças. Teremos também uma sessão especial intitulada “Cintra a 35mm”, onde iremos mostrar filmes dos anos 20/30 que retratam Sintra naquela época. Esta sessão será acompanhada por um quarteto de saxofones do Conservatório de Música de Sintra, recreando a forma como se via cinema naquela altura.

O que levou à escolha da homenageada Jane Campion?
Há três anos que nos bastidores do Córtex eu referia o nome da Jane Campion como uma possível sessão de abertura. Por vários motivos foi algo que foi ficando para trás, até recentemente ter visionado a série “Top of the Lake”, uma série para televisão incrível realizada por Jane Campion e que me fez fazer um trabalho de pesquisa sobre as suas obras e dar de caras com os primeiros trabalhos de escola produzidos ainda na Australian Film Television and Radio School.
As curtas metragens que realizou ainda na Escola de Cinema da Austrália revelam já um sentido estético muito apurado, valendo-lhe a Palma de Ouro no Festival de Cannes com a primeira curta “An Excercise in Discipline – Peel” que iremos exibir no Córtex. “A Girl’s Own Story” fala-nos sobre três amigas que vivem num dos subúrbios da Austrália e lida com a descoberta da sexualidade, incesto e uma família que se opõem à Beatlemania. “After Hours” explora a temática do assédio sexual por parte de uma jovem em relação ao seu chefe, um filme que levanta questões como descriminação, relações de género e as diferentes interpretação dos eventos por parte dos intervenientes. Esta é  a primeira vez que estes filmes serão exibidos no nosso país.

Apostam na mostra dos primeiros trabalhos de um realizador reconhecido como um incentivo de alta importância para jovens realizadores?
Sim, sem dúvida. Mais do que nunca a curta metragem é um formato que permite incentivar e catapultar os jovens realizadores para uma industria profissional. A produção de curta metragem é um dos maiores actos de coragem de um jovem realizador e cada vez mais este mérito tem sido recompensado e reconhecido na indústria cinematográfica internacionalmente. Córtex tem dado um forte contributo neste aspecto, ano após ano.

Quais são as expectativas para esta 7.ª edição?
Todos os anos temos registado um cada vez maior interesse por parte do público em relação ao festival. O impacto que temos tido faz-se sentir e ecoa a nível internacional. Contamos com este crescimento mais uma vez nesta edição, pois o Córtex tem sido pautado ano após ano por um aumento de público.

Sentem que o CÓRTEX é já um festival maduro?
Acima de tudo é um Festival que não está fechado, está sempre disponível para a experimentação, para abrir e desbravar novos caminhos, como o próprio formato da curta metragem. O nosso maior sinal de amadurecimento prende-se com facto de sabermos que há muito ainda por criar, estamos atentos aos sinais de transformação e queremos criar um espaço que permita sempre novas abordagens à própria forma do festival em si.

O que podem destacar no Mini CÓRTEX deste ano?
Não destacamos filmes porque todos são de enorme qualidade, mas destacamos a parceria que temos vindo a desenvolver com a Monstra que programa em conjunto connosco esta secção. Esta colaboração é como referia na pergunta anterior, a prova de que o conceito de um festival pode ir muito mais longe do que o que tem sido feito até agora. Juntamente com a Monstra, fomos pioneiros numa parceria entre festivais que até agora nunca tínhamos tido a oportunidade de testemunhar em Portugal, e que se tornou numa parceria que vai muito para além de uma programação de uma secção, mas sim numa colaboração próxima baseada na entre-ajuda, entre dois festivais, que nos tem ensinado muito e ajudado a crescer.

A secção Hemisfério ficou a cargo da London Short Film Festival, o que podem desvendar sobre esta parceria?
O London Short Film Festival é reconhecido como umas das principais mostras de talentos britânicos do cinema independente, dando também grande visibilidade aos jovens cineastas a cada edição. Um dos pontos fortes do cinema britânico atual no formato da curta metragem é que iremos exibir o urso de prata da Berlinale no ano anterior “A Man returned” de Mahdi Fleidel. Curiosamente também iremos exibir o urso de ouro que foi para a Leonor Teles com a filme “Balada de um batráquio”. Philip Ilson, director do LSFF será um dos convidados do Festival Córtex.

Pela primeira vez o CÓRTEX vai contar com uma secção dedicada a Sintra. O que podemos esperar?
O Córtex também é programado para o público de Sintra, e ano após ano tentamos envolver a comunidade local no nosso festival, que ainda é para muitos algo estranho. Com esta mostra de curtas metragens, temos o objectivo de aproximar as “pessoas da terra” ao Córtex, até porque os sintrenses têm uma forte e especial ligação com o sítio onde habitam. O Cintra a 35mm irá abrir uma janela para o passado, revelando imagens inéditas para a maior parte de nós, uma paisagem urbana com quase 100 anos, que nos dá a conhecer um autentico tesouro que documenta a história de Sintra. Sabíamos da existência de filmes produzidos nos anos 20/30 na vila de Sintra e neste sentido abordámos a Cinemateca para saber se existiam cópias destes filmes, algo que responderam afirmativamente.

Existe também espaço para formação e concertos. Que momentos destacam? 
No espaço de formação destacamos o já habitual workshop de animação dirigido aos mais novos, ministrado pelo Fernando Galrito, diretor da Monstra, e que tem feito a delícia das crianças ao longo dos últimos anos. Destacamos ainda na nossa programação paralela a apresentação do mais recente trabalho discográfico de Lula Pena, que irá dar pela primeira vez um concerto em Sintra, neste caso no MUSA – Museu de Artes de Sintra e ainda o concerto da harpista e cantora erudita Helena Madeira que é uma experiência absolutamente única. Ambos os concertos têm entrada livre.

Querem deixar alguma palavra aos leitores da Take?
Apareçam em Sintra entre os dias 16 e 19 de fevereiro, são mais de 50 filmes programados em 4 dias, o preço é super acessível (3€ o bilhete) e tudo isto enquadrado num dos mais belos cenários que o nosso país tem para oferecer, a vila de Sintra.

 

O Córtex realiza-se de 16 a 19 de Fevereiro, em Sintra, com sessões no Centro Olga Cadaval e as actividades paralelas no MU.SA.


+ info:

festivalcortex.com
facebook.com/cortexfestival
instagram.com/festivalcortex

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