[Cine Fiesta 2017] El Hombre de las Mil Caras

El Hombre de las Mil Caras fala de um caso verídico e insólito, um dos mais mediáticos da vida política espanhola das últimas décadas: o escândalo de corrupção que envolveu Luis Roldán (Carlos Santos), o ex-diretor-geral da Guarda Civil, que foi auxiliado pelo super-espião Francisco Paesa (Eduard Fernández) a manter a fortuna que angariou fora do radar do Estado.

Partindo desta premissa, o realizador Alberto Rodríguez filma um thriller político que em muito nos remete para os grandes clássicos americanos do género, em que cada resposta vem acompanhada de duas ou mais questões que se prendem com os campos social, moral e ideológico das situações que vamos descobrindo, sobre as personagens, o contexto e as consequências dos seus actos.

Mesmo que vá cedendo a alguns formalismos visuais e narrativos que lhe tirem algum rasgo de quando em vez, é de louvar a perícia da narrativa em mostrar, com igual detalhe, os vários lados da história surpreendentemente verídica. Roldan é um criminoso que, tal como qualquer irmão metralha, também terá direito a uma família, é certo, e esse lado mais familiar das personagens (ou a máxima humanização de cada uma das figuras que compõem o grande jogo político da trama) é uma das várias características do filme que contribuem para a sua carga fortemente irónica e intrigante, em que nenhum dado pode ser nunca dado como adquirido, já que as armadilhas estão espalhadas um pouco por toda a parte.

El Hombre De Las Mil Caras não vale apenas pela impressionante transformação física do actor Carlos Santos, que se entregou totalmente à personagem. Este é também um filme intrincado, com uma série de outras grandes interpretações, que se constrói numa teia de mentiras e ilusões, tendo por base aquele que é um acontecimento histórico que, ainda hoje, suscita muitas questões e acesos debates.

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