É já no próximo dia 17 — logo no dia seguinte à estreia nos EUA — que A Guerra dos Tronos, um dos maiores fenómenos actuais das produções norte-americanas para o pequeno ecrã, regressa às televisões portuguesas através do canal SyFy. Até lá, vamos fazer uma retrospectiva das primeiras seis temporadas na expectativa da sétima (e anunciada penúltima) temporada da saga épica de fantasia nascida da pena de George R. R. Martin.
No texto que se segue fala-se abertamente dos desenvolvimentos narrativos das primeiras seis temporadas de A Guerra dos Tronos por isso contém spoilers abundantes e indiscriminados.
Introdução
Não percam a introdução desta retrospectiva aqui.
Temporada 1
Em Westeros, o guardião do Norte Eddard «Ned» Stark é convidado para ser o conselheiro do rei e amigo de longa data Robert Baratheon. O anterior Mão do Rei foi assassinado ao tentar protege-lo dos Lannisters, a família da rainha Cersei encabeçada pelo patriarca Tywin. Cersei mantém um caso incestuoso com o irmão Jamie que empurra do cimo de uma torre Bran, um dos filhos de Eddard, depois de este expiar os irmãos num encontro carnal, ficando em coma. Ned parte para a capital na companhia das filhas Arya e Sansa, prometida ao príncipe Joffrey. Para trás ficam Robb, Rickon e Jon Snow, o filho bastardo de Ned por quem Catelyn, a sua esposa, nutre um perene ressentimento, bem como Theon Greyjoy, um prisioneiro dos Stark de guerras passadas, criado desde criança em Winterfell. Ao chegar a Porto Real, Ned tem de lidar com a política da capital, incluindo o eunuco Varys e o manipulador Petyr Baelish.
Em Essos, do outro lado do Mar Estreito, os irmãos Viserys e Daenerys Targaryen, os últimos sobreviventes da dinastia cujo trono foi usurpado por Robert, procuram um meio para reclamar aquilo que é seu por direito. Viserys, impaciente e arrogante, consegue uma frágil aliança com o povo bárbaro Dothraki ao oferecer a irmã para casar com Khal Drogo, um poderoso líder de uma tribo. No casamento, Daenerys conhece Jorah Mormont, um exilado de Westeros, e espião para o rei, e recebe de presente três ovos fossilizados de dragão, o animal agora extinto responsável pelos contos e lendas dos sucessos passados da família Targaryen. Sobrevivendo ao irmão e ao marido, com quem estabeleceu uma relação inesperada, Daenerys acende uma pira da qual surge ilesa, na companhia de três dragões nascidos dos ovos.
De regresso da capital onde foi avisar Ned das suas suspeitas sobre Tyrion na queda de Bran, Catelyn Stark encontra-se por acaso com este numa estalagem, e instiga os homens fieis ao seu pai para prenderem o anão. Esta acção irá despoletar uma sequência de retaliações que levam a uma guerra aberta entre as várias famílias do reino. Mas Jon Snow, que se voluntariou para a outrora gloriosa, mas agora decadente, Patrulha da Noite, depressa vai aprender que a verdadeira ameaça aos povos de Westeros está para lá da enorme muralha que delimita o norte, separando os povos do reino dos povos selvagens e criaturas que se pensavam existir apenas em lendas e mitos.
A primeira temporada adapta o primeiro capítulo de As Crónicas do Gelo e Fogo, e aquele que deu título à série: A Game of Thrones (em Portugal, A Guerra dos Tronos e A Muralha de Gelo). Naturalmente é a temporada mais fiel ao material de origem com os acontecimentos a seguirem muito perto o texto de Martin, com pequenas excepções. Tal como o livro tinha feito no universo literário de fantasia, também a série abalou as convenções do género com as generosas doses de violência e sexo, mas principalmente com a subversão de expectativas. A caracterização das personagens é feita com variados tons de cinzento e os heróis mais tradicionais não existem aqui. O destino de Eddard Stark chocou os espectadores e anulou qualquer sensação de familiaridade pois destruiu a bússola moral da série, abrindo portas para um sem fim de possibilidades num universo onde o bem raramente aparece e quase nunca leva a melhor, abrindo o apetite para as próximas temporadas.
Não percam o próximo artigo onde faremos um resumo analítico da segunda temporada.