A Estranha Casa na Bruma

Com H. P. Lovecraft como inspiração, a curta-metragem de Guilherme Daniel A Estranha Casa na Bruma (2018), vencedora do MOTEL/X 2018, chega agora às salas nas sessões de Thelma.

Guilherme Daniel é um assistente de imagem e director de fotografia já com algumas curtas-metragens em nome próprio, que nos deu este ano o pequeno filme inspirado no conto The Strange High House in the Mist de H. P. Lovecraft, A Estranha Casa na Bruma, produzido com Raquel Santos (que também assina a direcção de arte) na Suspicio Filmes, que venceu o prémio de curtas-metragens no recente MOTEL/X, e estreia agora comercialmente nas sessões do filme Thelma, de Joachim Trier.

Arriscando num campo pouco ousado no cinema português – o cinema fantástico – A Estranha Casa na Bruma, como se pode esperar de um filme de 15 minutos, é, essencialmente uma ideia, a qual passa por recriar uma atmosfera, mais que um enredo elaborado. E é aí que triunfa o filme de Guilherme Daniel. Assentando numa fotografia de cores tão pouco saturadas que chega a parecer a preto e branco, o filme conta-se nos actos do protagonista (Daniel Viana, nomeado como O Peregrino), e no seu olhar curioso e inquisitivo que é, afinal, o nosso. O seu encontro com o habitante da titular casa (Carlos Fartura, O Homem que Sorri) é envolto de estranheza, tal como o são a ideia subjacente de fé ou misticismo, a própria casa, ou a porta que a domina e os ruídos que dela se ouvem. Estranheza e mistério levam a temor e a um final perturbador, o qual não carece de explicação, e é mais terrífico por isso mesmo.

Com breves planos e menos diálogos ainda, Guilherme Daniel mostra-nos como o terror de H. P. Lovecraft reside essencialmente no que não se diz, na tal busca do desconhecido universal (a porta por abrir) que mesmo que leve à tragédia, não deixa de nos tentar.

Com tal assertividade visual e confiança de direcção, esperamos já os próximos voos de Guilherme Daniel.

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