[8 1/2 Festa do Cinema Italiano] Estrada 47

Fruto de uma cooperação entre produtoras de Itália, Brasil e Portugal, Estrada 47 transporta-nos ao Inverno toscano de 1944, quando uma força expedicionária brasileira tentava sobreviver a uma guerra que nunca devia ter sido sua.

Poucos hoje saberão, mas o Brasil também lutou na Segunda Guerra Mundial. Fê-lo através de uma Força Expedicionária (FEB) de soldados de origem humilde, mal preparados para o Inverno europeu, lutando numa realidade que não compreendiam. É isso que pretende ilustrar Estrada 47, o filme escrito e realizado por Vicente Ferraz, que nos mostra os soldados Guima (Daniel de Oliveira), Tenente Penha (Júlio Andrade), Piauí (Francisco Gaspar) e Sargento Laurindo (Thogun), aos quais se vão juntar o jornalista Rui (o português Ivo Canelas), um desertor italiano (Daniele Grassetti) e o oficial alemão Coronel Mayer (Richard Sammel).

Estrada 47 é feito da desolação da gélida paisagem toscana (os cenários naturais são muito bem conseguidos) e do desespero de quem enfrenta a morte sem preparação. O filme faz-se, assim, de avanços e recuos, que são os do medo, e da esperança de sobreviver, que tanto leva a acreditar na amizade com o inimigo, como a tentar fazer esquecer tudo cantando um samba.

Há por isso, mais que uma atmosfera de guerra, uma necessidade de descer na emoção, com uma narração em off demasiado pesada, interpretações que não fazem esquecer o melodrama de telenovela, uma fuga para o humor escapista, e a constatação simplista de que todos os personagens (amigos ou inimigos) são afinal bons. Ressalva-se a possibilidade de que este possa ter sido o espírito brasileiro que de facto existiu naquele mundo inóspito que ele tentava compreender à sua maneira única.

Fica o documento histórico, tratado com uma extrema emoção.

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