Share, , Google Plus, Pinterest,

Print

Posted in:

[8 1/2 Festa do Cinema Italiano] Alaska

de Claudio Cupellini

muito bom

Alaska (2015) é um melodrama sentimental, realizado por Claudio Cupellini, que, como o próprio diz, vem de um país com poucas tradições no género. É a história de um casal unido fortuitamente, e contra os augúrios da fortuna, numa história de teimosia, raiva, amor e violência.

 

Claudio Cupellini, que conta no curriculum com duas longas-metragens, algumas curtas-metragens e a passagem pela televisão, na famosa série Gomorra (2014), escolheu, em Alaska, contar uma história de amor que roça a tragédia. Falado em francês e italiano, o filme mostra-nos o italiano Fausto (Elio Germano), empregado de hotelaria, com pretensões a subir no ramo e a francesa Nadine (Àstrid Bergès-Frisbey), aspirante pouco convicta a uma carreira de modelo. Conhecem-se por acidente, e vários acidentes transformam as suas vidas. Primeiro uma prisão inesperada, depois um acidente de automóvel, e um crime mais à frente.

Pelo meio, talvez atraídos pelo infortúnio, Fausto e Nadine vão ligar as suas vidas, como se se sentissem devedores dos acidentes que trazem à vida um do outro, pois como ambos concordam a dada altura, a sorte de um parece sempre ligada ao azar do outro. É desse pathos de tragédia que nasce uma relação improvável, feita de muito desejo e sentimento, mas de pouco diálogo e compreensão. Essas lacunas precipitam as clivagens que os colocam em rotas distintas, votadas ao fracasso por um sentimento que, ainda que incompreensível, os leva a gravitar (por vezes doentiamente) um em torno do outro.

Alaska torna-se um exercício de Cupellini sobre a natureza do amor, naquilo que pode ter de mais emocional e ilógico. É, por isso, uma história de desejos e paixões, onde não é fácil identificarmo-nos com as motivações dos protagonistas, cheios de incompreensões, decisões intempestivas, e comportamentos capazes de os lançar no abismo. Servido por uma banda sonora inteligente, que usa temas de Blonde Redhead, Interpol e até Supremes, Cupellini filma com a mesma ansiedade e excessos dos seus personagens, um pouco devedor das lições que traz da citada Gomorra.

Alaska evoca também o território distante, gelado, e quase mítico, que no filme é sinónimo de um sonho (uma discoteca), mas ainda sintoma da distância, isolamento, e medo de solidão, transversais a personagens e episódios do filme. Essa imensidão fria toca os protagonistas, que parecem sempre num mundo muito maior que eles, como o quarto de hotel que despoleta toda a história, a discoteca, a mansão da noiva de Fausto, ou as prisões que os afastam.

Se, por um lado, Cupellini pode ser acusado de abusar do tom melodramático, enchendo a trama de acontecimentos dolorosos e improváveis até ao limite da nossa paciência, por outro, tem o mérito de nunca escolher uma via simples para os seus protagonistas, os quais, sem pretenderem apelar à nossa simpatia, são (com interpretações avassaladoras), capazes de momentos de sincera candura.

Review overview

Summary

Melodrama romântico de excessos narrativos, onde Elio Germano e Àstrid Bergès-Frisbey se distinguem pela força de personagens que, sem apelarem à nossa simpatia, mostram carisma e a coragem de seguirem as vias mais difíceis, ainda que numa trama de desenvolvimentos improváveis.

Ratings in depth

  • Argumento
  • Interpretação
  • Produção
  • Realização
3.5 10 muito bom

Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado.