Na semana em que se relembra a tragédia do 11 de Setembro de 2001, o terrorismo volta a ser tema para um thriller de acção, desta vez em solo britânico.
Desde o 11 de Setembro de 2001 muito aconteceu, e vive-se agora uma segunda vaga de terrorismo, com a ameaça do fundamentalismo islâmico que tem assolado os solos europeus nos últimos tempos. Não espanta que isso se torne fonte de inspiração para thrillers de acção agora na Europa.
Exemplo é este 6 Dias, de Toa Fraser, filme que nos traz a história do cerco à embaixada iraniana em Princes Gate, Londres, de 30 de Abril a 5 de Maio de 1980, quando um grupo armado de extremistas iranianos tomou o local, fazendo reféns e exigindo libertação de prisioneiros no Irão. As negociações demoraram os citados seis dias, durante os quais foram libertados cinco reféns, tendo um sido assassinado. Essa morte despoletou a ordem de assalto dado à SAS (Special Air Service), de cuja intervenção resultou a morte de cinco dos seis iranianos, e o salvamento de todos menos um dos reféns.
Embora recentemente a trabalhar em televisão, 6 Dias, é a quinta longa-metragem de ficção do também dramaturgo Toa Fraser, mas talvez o primeiro a romper da cena independente para uma maior exposição comercial. Nota-se essa inspiração televisiva numa certa urgência de mostrar e rodar entre planos e sequências, para que o ritmo nunca se quebre.
Focando-se essencialmente nas negociações que foram acontecendo no decorrer desses seis dias, mostrando o porquê das decisões e os impasses nas escolhas de caminhos, Fraser coloca uma especial atenção no retratar de todos os pontos que sejam já conhecidos do público, como o polícia – tornado herói pela imprensa – Trevor Lock (Kip Chapman) e as intervenções da jornalista que foi seguida em todo o país, Kate Adie (Abbie Cornish), mais pela necessidade de mostrar nomes conhecidos que pelo interesse destes personagens para o filme.
No centro estão o principal negociador Max Vernon (Mark Strong) e um dos protagonistas das SAS, Rusty Firmin (Jamie Bell), no que pretendem ser linhas paralelas que ajudem a compreender quem são os homens por trás do heróico salvamento. Mas sente-se desde logo (nas frases limpas, nas poses impecáveis, na bondade latente) que se trata de um projecto de glorificação de heróis, e quase de união nacional. Num momento em que o Reino Unido enfrenta ameaças terroristas e uma controversa saída da União Europeia, aos autores parece não haver dúvida de que é necessário um toque a reunir.
O que fica é uma tentativa de thriller, em que tudo parece demasiado empolado, terminando num final previsível. Sem sequer nos dar alguma perspectiva sobre quem são os assaltantes, 6 Dias não consegue ser nem uma obra densa que nos faça pensar sobre um assunto doloroso, nem um entretenimento escapista que rivalize com os filmes americanos de grande acção que vão enchendo as agendas de lançamento de blockbusters.
Review overview
Summary
A meio caminho entre o telefilme e a grande produção, 6 Dias tenta ser um thriller de acção, mas não consegue nem trazer-nos a profundidade de um estudo sobre um momento marcante, nem o grande entretenimento escapista dos filmes do género.
Ratings in depth
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Argumento
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Interpretação
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Produção
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Realização