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3.ª MICAR – Mostra Internacional de Cinema Anti-Racista | Entrevista

MICAR – Mostra Internacional de Cinema Anti-Racista 2016

O MICAR – Mostra Internacional de Cinema Anti-Racista regressa, de 14 a 16 Outubro de 2016, ao Teatro Municipal do Porto – Rivoli. Nuno André Silva dá-nos algumas respostas sobre o que será a 3.ª edição do festival.

 

O que é a MICAR?
A MICAR é uma Mostra Internacional de Cinema Anti-Racista, promovida pelo SOS Racismo e que tem, essencialmente, dois objetivos fundamentais: exibir filme de qualidade, que retratem os temas da discriminação, do racismo e da xenofobia; e promover espaços públicos de reflexão e discussão sobre os mesmos temas.

A MICAR – que este ano vai para a sua terceira edição consecutiva – não se esgota assim na exibição de filmes; a estes, acrescem os debates que dinamizamos, quer nos filmes, quer em escolas da cidade do Porto, junto de alunos e alunas e sobre os filmes e temas desenvolvidos na Mostra, bem como, o catálogo da Mostra, no qual constam dezenas de textos de pessoas que convidamos para o efeito.

Teremos também, nesta edição, uma exposição de fotografia localizada no átrio do Teatro Municipal do Porto – Rivoli, exposição essa sobre o projeto que o SOS Racismo desenvolveu este ano, denominado “Não engolimos sapos” e que surgiu da necessidade de abolir uma prática consistente no comércio local, que tenta afastar a comunidade cigana do acesso a bens e serviços

 

Sentem que ainda há muito caminho a percorrer nesta luta?
O combate contra a discriminação e contra o racismo, o combate pela inclusão social e pelo reconhecimento da dignidade do “outro” e do seu direito à diferença, é diário e constante. Não se trata só de combater comportamentos discriminatórios de quotidiano, mas sim, de eliminar qualquer tipo de racismo institucional. Há muito para fazer – diríamos que se calhar estará quase tudo para fazer, como os mais recentes episódios nos têm demonstrado: os sapos nas lojas para impedir as comunidades ciganas de acederem a bens e serviços, as dificuldades de cidadãos e cidadãs negras, ciganas ou estrangeiras de acederem ao mercado laboral ou a habitação condigna; a questão dos refugiados e dos muros que se vão construindo na Europa e um pouco por todo o mundo; os milhões de migrantes que fogem de guerras, da miséria e da fome e que não encontram respostas dignas e solidárias, sobretudo por quem tem condições e dever de as dar; o aumento da representatividade de partidos de extrema-direita, com discursos assumidamente racistas e xenófobos… infelizmente, haverá ainda muito por fazer nestes caminhos.

 

Com que tipo de apoios contam?
Para esta edição da MICAR, contamos novamente com o apoio da Câmara Municipal do Porto e do Teatro Municipal do Porto – Rivoli, através da cedência do espaço para a Mostra, bem como, com parcerias com várias entidades, tais como o Instituto Goethe, a Escola Superior de Educação do Politécnico do Porto, a RC Construções e a Gigante – Edição e Design, que nos ajudaram, essencialmente, na cedência de filmes e na edição de materiais e imagem da MICAR.

Contamos ainda com o apoio financeiro de dezenas de pessoas, que participaram na campanha de angariação de fundos que levamos a cabo em setembro passado, e que superou as nossas expectativas.

E contamos, sobretudo, com o trabalho incansável dos e das ativistas do SOS Racismo.

 

Quais são as expectativas para esta 3.ª edição?
Creio que a existência de uma terceira edição, a possibilidade da mesma se concretizar, já é uma vitória, sobretudo para a cidade do Porto e para a pluralidade democrática. Existir um espaço onde se pode discutir cidadania através da cultura, é sempre positivo. Mas, como é evidente, também gostaríamos de superar o número de espetadores das anteriores edições, ou seja, chegar a mais pessoas.

A aposta na programação para o público mais jovem continua. Como tem sido a reação das crianças?
Decidimos incluir essa dimensão na edição anterior da MICAR, o que se revelou um sucesso. Não só pela possibilidade de podermos tratar estes temas com um público mais jovem – o que o SOS Racismo já vem fazendo há muitos anos – mas também porque permitimos o acesso de muitas crianças, pela primeira vez, a uma sala de cinema. No ano passado, para as dezenas que passaram pelo Rivoli, foi mesmo a primeira vez – e quando as luzes se apagaram para que o filme se iniciasse, o momento foi mágico.

 

Que filmes destacam na programação deste ano?
Eu diria que todos os filmes devem ser destacados, porque todos eles foram cuidadosamente analisados e merecem o mesmo espaço. Mas não podendo, obviamente, falar aqui sobre todos eles, e correndo o risco de poder estar a ser injusto com alguns, diria que os filmes da Leonor Teles (“Balada de um Batráquio” e “Rhoma Acans”), o premiado “Lampedusa in Winter”, de Jakob Brossmann, os clássicos “O medo come a alma” de Rainer Werner Fassbinder, e “A Pirâmide Humana”, de Jean Rouch, e os sublimes “Judgment in Hungary”, de Eszter Hajdú, e “We Come as Friends”, de Hubert Sauper, devem ser especialmente destacados.

 

Quantas pessoas estão envolvidas na organização?
A organização da MICAR conta com o trabalho de cerca de uma dezena de ativistas do SOS Racismo.

 

Têm planos para a expansão da MICAR?
De momento, e sobretudo por questões financeiras, não temos condições de estender a MICAR a outros locais, embora esse seja um dos nossos objetivos.

 

Já estão a trabalhar em ideias para a 4.ª edição? Podem revelar alguma?
Estamos neste momento focados em conseguir tratar de todos os pormenores que permitam que a terceira edição decorra da melhor forma possível. Depois teremos tempo para pensar em próximas edições, que obviamente são uma aposta de intervenção do SOS Racismo

 

Querem deixar alguma palavra aos leitores da Take?
Deixamos um convite para aparecerem pelo Rivoli e para participarem nas sessões, não só como espetadores, mas também como atores. A intervenção é necessária, a reflexão é decisiva. E nada melhor do que o cinema para esse efeito.

 

 


+ info:

http://micar.sosracismo.pt
https://www.facebook.com/micar.porto

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